Seguem os conflitos no continente asiático. A Coreia do Norte ameaçou romper um acordo de redução da tensão militar com a Coreia do Sul, caso Seul não impeça que asilados norte-coreanos enviem propaganda anti-regime ao norte. Nesta terça-feira 9, Kim Yo-jong, irmã do ditador Kim Jong-un e uma das principais autoridades do país, cortou as comunicações por telefone entre os países.
O anúncio foi feito pela KCNA, órgão de imprensa estatal, que não poupou ofensas aos asilados, termo que se refere a alguém perseguido em seu país de origem que se abriga em outro. “A escória repugnante cometeu atos hostis contra a Republica Democrática da Coreia do Norte ao se aproveitarem da irresponsabilidade e da conivência das autoridades sul-coreanas (…) Nós chegamos a conclusão de que não há mais necessidades de sentarmos de frente com as autoridades sul-coreanas porque não há mais nada a discutir com eles, uma vez que eles apenas despertaram nossa consternação”.
A KCNA informou que Kim Yo-jong e o vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, Kim Yong Chol, discutiram um plano para lidar com o “inimigo” e com a “escória” que enviou os panfletos de propaganda. O corte das comunicações por telefone foi o primeiro passo norte-coreano. Segundo a mídia estatal, foram desligados as instalações de comunicação da costa, no paralelo 38 – a fronteira desmilitarizada que é fortemente defendida pelos dois países –, e uma linha direta entre Kim Jong-un e a Presidência sul-coreana.
As ligações entre os escritórios eram realizadas sempre às 9h da manhã e às 17h da tarde. Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério da Unificação, Yoh Sangkey, confirmou que esta foi a primeira vez que o norte não atendeu as chamadas desde que as linhas foram estabelecidas em 2018.
Sangkey afirmou que o envio de propagando por exilados violam a Declaração de Panmunjom, assinada pelos líderes dos dois países e que estabelecia um plano de reintegração econômica para região.
“Folhetos e balões enviados ao norte violam o espírito da Declaração de Panmunjom e devem ser suspensos. Como essas atividades representam uma ameaça à vida e à propriedade de nossos cidadãos que vivem na área de fronteira, o governo está solicitando que isso tenha um fim. Os próprios moradores também expressaram sua oposição a essas atividades”, disse o porta-voz.
O envio dos balões foi reivindicados pelos Defensores de uma Coreia do Norte Livre, uma organização não governamental composta por asilados do norte. O grupo alega que enviou meio milhão de folhetos, 2.000 cédulas de 1 dólar e 1.000 cartões de memória, mas sem especificar seu conteúdo.
Os balões, no entanto, podem ser apenas um pretexto para a Coreia do Norte pressionar ainda mais Seul. Por conta das sanções econômicas dos Estados Unidos e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Pyongyang, sob forte pressão econômica, não consegue importar produtos sul-coreanos ou se integrar economicamente, porque o governo vizinho teme sofrer consequências caso viole as sanções.