O centrista Armin Laschet, primeiro-ministro da Renânia do Norte-Vestefália, é o novo presidente da União Democrática Cristã (CDU), depois de vencer a votação deste sábado no congresso virtual do partido de Angela Merkel. Laschet, de 59 anos, representa a continuidade da linha ideológica da chanceler (primeira-ministra). Sua vitória inaugura a corrida pela definição do candidato que tentará sucedê-la à frente do Governo alemão nas eleições de setembro.
Os conservadores da CDU enfrentam o desafio de aproveitar o legado da chanceler, a grande figura política europeia dos últimos 15 anos. Diante da dificuldade em substituí-la, os 1.001 delegados com direito a voto optaram pela proposta continuísta de Laschet, que além disso oferece experiência de gestão, por estar à frente do Estado mais populoso e um dos mais ricos do país. A incerteza sobre a escolha do novo chefe da CDU, o partido conservador mais relevante da Europa, se prolongou até o último minuto. Mas a designação ainda não sela a sucessão de Merkel. Laschet previsivelmente enfrentará Markus Söder, líder do partido-irmão bávaro CSU e atualmente o grande favorito para assumir a liderança da chapa de centro-direita à Chancelaria.
Laschet era o preferido do aparato, em detrimento de seus rivais, o direitista Friedrich Merz e o também centrista Norbert Röttgen. Ele ganhou em segundo turno por 521 votos contra 466 de Merz —Röttgen havia ficado de fora na primeira rodada, por ampla margem. No congresso, o primeiro feito inteiramente de forma digital, 1.001 delegados do partido tinham que decidir entre a ruptura com guinada à direita, proposta por Merz, ou uma liderança que poderia ser definida como “mais Merkel, mas sem Merkel”.
Durante a campanha, Laschet atrelou seu destino político ao ministro da Saúde, Jens Spahn, de 40 anos, que será seu vice-presidente no partido. Spahn, que goza de grande popularidade devido à gestão da pandemia, é também um dos possíveis candidatos a chanceler. A imprensa publicou que ele andou sondando suas chances entre dirigentes do partido, embora negue ter essa ambição. O outro candidato citado é Markus Söder, líder da CSU, versão bávara da CDU e primeiro-ministro da Baviera, que também ganhou muito peso político durante a crise do coronavírus. Söder é o líder conservador mais bem avaliado pelos eleitores conservadores, com 80% de apoio contra 32% de Laschet, segundo uma pesquisa recente do Infratest Dimap.
“Estou consciente da responsabilidade que este trabalho acarreta e farei o possível para cumpri-lo bem nas próximas eleições regionais e para assegurar, com vistas às eleições nacionais, que o próximo chanceler provenha deste partido”, disse Laschet após o resultado da votação ser anunciado.
Formalmente, Laschet não substitui Merkel como líder do partido, e sim Annegret Kramp-Karrembauer. A política, atual ministra de Defesa, venceu o congresso de 2018 em Hamburgo, no qual Merz já havia se candidatado. Era a sucessora natural de Merkel, mas há um ano renunciou à presidência do partido e à disputa pela Chancelaria, truncando assim a transição que Merkel tinha preparado e abrindo um período de grande incerteza na centro-direita alemã.
Para se apresentarem nas telas dos 1.001 delegados, na manhã deste sábado, os três candidatos se reuniram em um cenário montado no centro de convenções Messe, em Berlim. Fizeram seus discursos, com 15 a 20 minutos de duração, e antes das 11h (7h em Brasília) já acontecia a primeira votação telemática. Como nenhum dos candidatos superou 50% de votos, procedeu-se ao segundo turno. Os delegados confirmarão a eleição dentro de alguns dias por correio.