O Parlamento do Reino Unido aprovou neste sábado (19) uma emenda que cria mais um obstáculo para o acordo do Brexit. Por 322 votos a 306, os parlamentares decidiram que deverá ser discutida e aprovada toda a legislação em torno do acordo de saída dos britânicos da União Europeia. A sessão foi encerrada e os parlamentares voltam a se reunir na segunda-feira (21).
A decisão frustrou os planos do primeiro-ministro Boris Johnson, que pretendia aprovar o acordo do Brexit ainda neste sábado. Isso porque Johnson teria até as 23h59 (horário local) para aprovar o pacto, segundo a data-limite imposta por uma lei que proíbe a saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo.
Na prática, a decisão deste sábado forçaria o primeiro-ministro a solicitar adiamento do Brexit até 31 de janeiro. Após a derrota, Boris Johnson afirmou que não irá pedir um novo prazo. “Não negociarei um atraso com a UE e a lei não me obriga a fazê-lo”, afirmou.
Com esta emenda, se o acordo de Johnson com a UE for aprovado , ele ficaria “em espera” até que o Parlamento discuta a legislação em torno do pacto. O líder da oposição, Jeremy Corbyn, comemorou o resultado da votação e disse que Johnson “deve cumprir a lei” e pedir à UE o adiamento no Brexit.
Segundo Johnson, como o resultado da votação da emenda de Letwin foi “bem próximo”, os parlamentares devem apoiar seu acordo com a UE “em números esmagadores”, acrescentou o premiê.
Após o resultado, uma porta-voz da União Europeia disse que agora caberá ao governo do Reino Unido informar os próximos passos do Brexit.
Se o Parlamento não aprovar o acordo, o Reino Unido pode se ver diante de mais um impasse sobre o Brexit. Boris Johnson quer que o país deixe a União Europeia em 31 de outubro com ou sem acordo, mas os parlamentares aprovaram uma proposta que impede uma retirada sem um pacto com o bloco. Além disso, os líderes europeus não parecem dispostos a aceitar um novo adiamento.
Impasse
O andamento da votação do acordo de Johnson com a UE ainda não está definido. Isso porque a proposta já foi apresentada pelo governo ao Parlamento e, segundo a BBC, essa votação não poderia ser “puxada” para outro dia.
O governo afirma que haverá votação na segunda-feira, mas o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, disse que ainda não avaliou se esta votação será possível.
‘Melhor solução possível’
Mais cedo, na abertura da primeira sessão extraordinária do Parlamento Britânico em um sábado desde 1982, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que o acordo feito com a União Europeia na última quinta-feira (17) foi “a melhor solução possível”.
Johnson instou os parlamentares a se unirem para começar a “curar as feridas na política britânica”, dizendo que acreditava que a maioria dos parlamentares estava comprometida em entregar o resultado do referendo de 2016, que optou pela saída britânica do Reino Unido.
Ele sugeriu que novas negociações não seriam produziriam novos resultados e pediu aos oponentes do Brexit para que “abandonem a ilusão” de que qualquer atraso adicional ajudaria o Reino Unido.