“Uma excelente notícia”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, enquanto o seu homólogo francês, Jean-Yves Le Drian, referiu que a aprovação parlamentar é um “grande avanço” para uma possível saída do caos político e securitário registado no território líbio.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Choukri, declarou que a decisão do parlamento é “um passo em frente para a estabilidade, para a proteção da segurança e da soberania da Líbia”.Palavras corroboradas pelo chefe da diplomacia jordana, Ayman Safadi, que saudou o que classificou de um “bom passo em direção a uma solução política”.
“O próximo passo imediato deve ser o das tropas estrangeiras e milícias, que estão oficialmente e não oficialmente (no país), deixarem o território líbio. Este é o próximo passo que deve acontecer e depois as eleições previstas para 24 de dezembro”, acrescentou Heiko Maas.
O governo de transição da Líbia, resultante de um processo patrocinado pela ONU e que deve contribuir para retirar o país do caos e organizar eleições no final de dezembro, obteve na quarta-feira a confiança do parlamento.Após dois dias de intensos debates, o parlamento eleito aprovou a equipa de Abdel Hamid Dbeibah por 121 votos entre os 132 deputados presentes.
“Agradeço-vos pela confiança”, reagiu o milionário de 61 anos, que foi designado primeiro-ministro em 05 de fevereiro por 75 responsáveis líbios de todas as partes reunidos em Genebra (Suíça) sob a égide da ONU, juntamente com um Conselho Presidencial de três membros.
Os deputados líbios estiveram reunidos desde segunda-feira na cidade de Sirte, a meio caminho entre as regiões rivais do leste e do oeste, e debateram longamente a composição do governo de Dbeibah, a repartição geográfica dos postos e o calendário do executivo.A ONU já tinha saudado, na segunda-feira, uma “sessão histórica” e uma “etapa crucial” para a unificação do país.
Depois da queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia mergulhou no caos, com divisões e lutas de influência no contexto de ingerências estrangeiras.O fim dos combates no verão e o lançamento de um processo político sob a égide da ONU reavivou a esperança de um relançamento da economia do país do norte de África rico em petróleo.
O primeiro-ministro deve também responder às expectativas dos líbios, cujo quotidiano é marcado pela escassez de dinheiro, gasolina e eletricidade e por uma inflação galopante.As infraestruturas estão destruídas e os serviços falham.
Os desafios são enormes após 42 anos de ditadura e uma década de violência desde a intervenção internacional, com cobertura da NATO, desencadeada em março de 2011 e concluída em outubro do mesmo ano com a morte do “guia” Kadhafi, perseguido até ao seu reduto de Sirte.Ao longo dos anos, a interferência de potências estrangeiras no conflito líbio, nomeadamente de países como Rússia, França ou Turquia, tem sido mencionada.
A Turquia, aliada do Governo de Acordo Nacional (reconhecido pela ONU e sediado em Tripoli) ao contrário por exemplo da Rússia (apoiante do homem forte do leste líbio, o marechal Khalifa Haftar), foi o único país que admitiu, até à data, que destacou tropas para o oeste do território líbio, incluindo mais de 10.000 mercenários sírios que foram armados e transportados por Ancara.