Uma universidade britânica vai flexibilizar seu processo seletivo para facilitar o acesso e, assim, aumentar o número de alunos de baixa renda em suas fileiras.
O projeto será lançado pela secretária de Educação do Reino Unido, Justine Greening – a ideia é estimular a mobilidade social e atrair uma variedade maior de estudantes.
Entre outras mudanças, a Universidade de Bristol, no sul do país, vai começar a aceitar notas mais baixas ao examinar os casos de alunos locais e daqueles vindos de escolas mal avaliadas.
O vice-reitor da Universidade de Bristol, Hugh Brady, disse tratar-se de uma “grande mudança” no sistema de admissões de alunos.
Concorrência
Hoje, há oito candidatos disputando cada vaga. Com o novo programa, a instituição vai oferecer cadeiras que podem ser preenchidas com dois pontos a menos que o padrão exigido, voltadas para alunos de escolas que tiveram pior performance nos exames de admissão.
Serão oferecidas ainda cinco vagas para alunos de baixa renda de cada colégio local, ocupadas com base na avaliação do potencial do estudante, em vez de meramente nas notas em provas. Essa análise será feita pelos diretores das escolas.
A Universidade de Bristol afirma buscar mais diversidade entre seus estudantes.
Recentemente, uma pesquisa mostrou que jovens de famílias mais ricas têm quase quatro vezes mais chances de se candidatar para uma vaga no ensino superior britânico do que os mais pobres.
A pesquisa foi feita pela Ucas, uma instituição que presta serviços para alunos que querem disputar uma vaga em uma universidade do país.
Apesar das campanhas para ampliar o acesso, o estudo mostra que grupos como o de jovens brancos de famílias da classe trabalhadora têm taxas de entrada no ensino superior ainda bastante inferiores às de outros estratos da população.
Muitas instituições, como a de Bristol, já levam em conta se o estudante teve que superar obstáculos à sua educação na hora de selecionar seus alunos.
Mas o novo esquema vai fazer com que algumas vagas já sejam colocadas diretamente à disposição desses alunos, tendo como base o histórico e situação do candidato.
‘Medidas ousadas’
O projeto-piloto da Universidade de Bristol pretende estimular os estudantes menos favorecidos, como os que estão sob o cuidado do governo, os que estão entre os cidadãos que podem receber refeições grátis e aqueles que serão os primeiros universitários de suas famílias.
“Queremos recrutar os estudantes mais capazes, independente da situação deles”, disse o vice-reitor, Hugh Brady.
“Essas medidas são ousadas e visam tratar de um problema visto em todo o setor da educação.”
A instituição já investiu 18 milhões de libras (quase R$ 76 milhões) na tentativa de recrutar estudantes mais pobres.
“Esperamos que, com o tempo, consigamos uma comunidade de estudantes mais diversificada na Universidade de Bristol; será uma mudança que vai beneficiar a todos e algo que esperamos que outras universidades considerem imitar”, acrescentou.
Marbel Chawatama, de 18 anos, é um dos estudantes beneficiados pelo projeto-piloto – ele vai estudar Direito.
“Conheço muitas pessoas que querem entrar na Universidade de Bristol, mas não têm a chance. Sinto-me abençoado”, contou.
Les Ebdon, diretor de uma organização independente que defende o acesso mais justo ao ensino superior no Reino Unido, a OFFA, apoia iniciativas como essa e pede uma abordagem mais “criativa” na hora de garantir que todos tenham as mesmas chances.
“Ainda há um longo caminho antes que todos com o potencial de ir para uma universidade tenham chances iguais. Gostaria de ver mais universidades pensando de forma criativa sobre como apoiar jovens talentosos.”
Fonte: http://www.bbc.com