O país tem relações diplomáticas com o governo brasileiro há 70 anos e agenda hoje é “densa e extensa”, segundo o ministro do Itamaraty Ary Quintella.
*Súsan Faria
Fotos: Eliane Loin
O Paquistão, país do Sul da Ásia, com população superior a 190 milhões de pessoas, comemora a data nacional, em 23 de março. O Dia de Paquistão ou Dia da Pátria foi a data quando, em 1940, uma resolução foi aprovada em Lahore, a atual cidade paquistanesa no leste do país, para exigir uma nação separada para os muçulmanos do Império Indiano Britânico.
Em Brasília, houve festa no Clube Naval da capital, com comidas típicas e bolo decorado com a bandeira do país. Na ocasião, o embaixador Najmus Saqib destacou que o Brasil é o maior parceiro das relações comerciais de seu país na América do Sul. “São excelentes as relações bilaterais entre os dois países”, afirmou.
Segundo o diplomata, o Paquistão considera o Brasil um parceiro muito próximo nas relações em diversos campos. “Nossa relação econômica e comercial está em passo acelerado. Uma serie de acordos serão assinados nos próximos meses”, comentou. Siqib disse que as relações amistosas dos dois países existem há muitos anos. O Brasil foi o primeiro país latino-americano a estabelecer relações diplomáticas com o Paquistão (1948) e a instalar Embaixada no Paquistão (1952). Atualmente, essa representa os interesses brasileiros no Afeganistão e no Tadjiquistão.
Brasil e Paquistão mantêm um Mecanismo de Consultas Políticas Bilaterais. Em março de 2017, o diretor do Departamento de Ásia Central, Meridional e Oceania, Ministro Ary Quintella, reuniu-se com altas autoridades da Chancelaria paquistanesa, em Islamabad, a capital paquistanesa. Nove acordos bilaterais já foram assinados pelos países, e outros estão em fase de negociação. Esses documentos impulsionam as parcerias para consultas políticas, cooperação cultural, iniciativas em ciência e tecnologia, combate ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro, e segurança alimentar, entre outras áreas.
Indústrias brasileiras de defesa são exportadoras relevantes para o governo paquistanês, particularmente no setor aeronáutico. Oficiais de alta patente intercambiaram visitas, e o Exército do Paquistão passou a receber oficiais brasileiros em seu Colégio de Comando e Estado-Maior em 2012. Brasil e Paquistão são parceiros de coalizão em negociações multilaterais, como a liberalização do comércio internacional (coalizão G-20 e Grupo de Cairns na Organização Mundial do Comércio), as negociações relativas às mudanças no clima (países do G-77) e o diálogo sobre questões internacionais monetárias e de desenvolvimento (Grupo dos 24).
Em seu discurso, durante a festa do Paquistão em Brasília, o ministro Ary Quintela afirmou que o Brasil vive hoje uma fase excelente nas relações bilaterais, com agenda densa e extensa. A seu ver, 2018 será um ano de muitos avanços na agenda comum entre os dois países, como exemplo nos acordos de cooperação técnica hoje em negociação. “Tem havido troca de experiências para cooperação bilateral no combate à fome e a miséria”, exemplificou.
História – A Segunda Guerra Mundial constituiu-se em oportunidade para nacionalistas indianos, perante um governo britânico desejoso da cooperação indiana durante o conflito. Gandhi e o Congresso lançaram então o movimento Quit India (“Deixem a Índia”, bordão dirigido aos britânicos), ao qual a Liga Muçulmana não se associou de maneira formal. Seguiu-se um período de violência descontrolada na Índia, provocado pela repressão ao movimento de desobediência civil de Gandhi e agravado pela fome catastrófica que levaria à morte três milhões de pessoas na Bengala, em 1943.
Decididos a abandonar a Índia a partir de 1945, os britânicos depararam em 1946 com a multiplicação dos confrontos sangrentos entre a comunidade muçulmana, de um lado, e as comunidades siques e hindus, de outro. A Liga, que continuava a exigir a criação de um Estado distinto nas regiões de maioria islâmica, sagrou-se vencedora na maior parte das zonas eleitorais muçulmanas nas eleições de 1946. Os britânicos decidiram-se, então, em favor da partição do país, apesar da oposição de Nehru e Gandhi. A Lei de Independência Indiana (Indian Independence Act) aprovada pelo parlamento britânico, entrou em vigor à 00:00 h do dia 15 de agosto de 1947, momento em que o Reino Unido transferiu a soberania local para os novos Estados independentes da Índia e do Paquistão, que se tornam então membros da Commonwealth
Fonte com adaptação:
http://islamabade.itamaraty.gov.br/pt-br/brasil-paquistao.xml