Comemoração foi realizada na Casa da ONU, em Brasília, com apoio da embaixada da Eslovênia, país com tradição no cultivo do mel e que quer criar uma escola de apicultura para aperfeiçoar o setor no mundo todo.
Súsan Faria
As abelhas são fundamentais para a humanidade, mas lentamente a população desses insetos está diminuindo, por fatores naturais ou ação humana, como a depredação, o turismo e a monocultura e agricultura não sustentável. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% da alimentação humana depende, direta ou indiretamente, de plantas polinizadas ou beneficiadas pela polinização. Para conscientizar sobre a importância desse agente no equilíbrio do ecossistema, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o dia 20 de maio o Dia Mundial das Abelhas. A data foi comemorada quarta-feira, 23, na Casa da ONU, no Setor de Embaixadas Norte.
Na ocasião, o embaixador da Eslovênia, Alain Brian Bergant, destacou que aquela resolução da ONU foi aprovada por 115 países, dentre eles o Brasil, detentor pela quinta vez do título de melhor mel e um dos maiores exportadores de mel do mundo. Lembrou que a resolução foi possível graças à cooperação da Associação de Apicultores com o Governo da Eslovênia.
“Esse dia é um passo inicial de um longo processo para conscientizar investidores, empresas e o público geral sobre a importância das abelhas e de outros polinizadores”, disse o embaixador. Na opinião dele, proteger as abelhas é também dar proteção à cadeia de produção de alimentos e assim garantir comida para o mundo. O diplomata reforçou que cerca de um terço de todos os alimentos dependem direta ou indiretamente da polinização desses agentes. “Além disso, os alimentos produzidos pelas abelhas são ricas fontes de nutrientes e formam uma base alimentar muito saudável e completa”, afirmou.
Pioneiro – O Dia Mundial das Abelhas é também uma homenagem a Anton Jansa, apicultor esloveno, nascido em 20 de maio de 1734, pioneiro na criação e uso de técnicas modernas de apicultura. A Eslovênia é um dos países com mais apicultores per capita de todo o mundo. “A apicultura é o ganha-pão de dezenas de milhares de eslovenos, e a abelha da Carniola é parte da nossa identidade”, afirmou o embaixador, lembrando que o país foi um dos primeiros a banir o uso de pesticidas prejudiciais às abelhas.
Segundo o embaixador Alian Brian Bergant, a Eslovênia pretende – junto com outros países – criar uma escola de apicultura para que apicultores de todo o mundo possam estudar e aperfeiçoar suas técnicas e difundir o conhecimento aos países em desenvolvimento.
Capacitação – As abelhas e outros polinizadores — como as mariposas, morcegos e pássaros — permitem a reprodução de diferentes espécies de plantas, incluindo de vegetais consumidos como alimento pelos seres humanos.A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já desenvolve atividades de capacitação em apicultura no Azerbaidjão e Níger.
A agência da ONU está criando uma base de dados sobre a polinização feita pelas abelhas a nível global. Os polinizadores contribuem com a segurança alimentar, uma vez que são fomentadores da vida vegetal, e também atuam como sentinelas do meio ambiente, pois variações de seu comportamento indicam ameaças emergentes e desequilíbrios nos ecossistemas.
Exposição – Durante as comemorações do Dia Mundial da Abelha – em Brasília, promovidas pela ONU e a embaixada da Eslovênia – produtores de abelhas montaram stands e venderam mel e derivados, na Casa da ONU. Vinte alunos do Centro Educacional 03 de Planaltina – DF apresentaram desenhos ilustrativos sobre o papel das abelhas, expostos na Casa. Eles, professores e o diretor do Centro, Ronaldo Victor dos Santos,foram convidados a visitar a embaixada da Eslovênia para um café da manhã tipicamente esloveno e visitar o parque de diversões Nicolândia.
Estiveram presentes à solenidade o Secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre Pontes; o presidente da Câmara Setorial de Mel e Produtos das Abelhas do Mapa, Lauro Jurgeaitis; o pesquisador Décio Gazzoni, da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa); o representante da FAO, Alan Bojanic; e o representante da ONU, NikyFabiancic.