Montreal, Canadá – A ONU iniciou negociações com a China para enviar representantes a Xinjiang, onde, segundo as potências ocidentais, a minoria muçulmana uigur é vítima de repressão, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.
“Atualmente estão acontecendo negociações sérias entre o escritório do Alto Comissariado (para os Direitos Humanos) e as autoridades chinesas”, disse Guterres em uma entrevista ao canal canadense CBC. “Espero que em breve cheguem a um acordo e que o Alto Comissariado para os Direitos Humanos possa visitar a China sem restrições nem limitações”, completou.
“A China me informou em várias ocasiões que deseja que esta missão aconteça”, afirmou Guterres, que destacou a importância de que a missão conceda ao Alto Comissariado “acesso ilimitado”.
De acordo com estudos publicados por institutos dos Estados Unidos e da Austrália, rejeitados por Pequim, ao menos um milhão de uigures foram internados em “campos” da região de Xinjiang (noroeste da China), onde alguns são submetidos a “trabalhos forçados” e “esterilizações”.
A China anunciou no sábado (27/3) sanções contra Estados Unidos e Canadá em represália às medidas adotadas pelos dois países no início da semana devido ao tratamento reservado por Pequim à minoria uigur, que Washington chama de “genocídio”.
Guterres também disse que acompanha com preocupação dos destinos dos canadenses Michael Kovrig e Michael Spavor, presos na China e acusados de “espionagem”. Ottawa considera que são “detenções arbitrárias” em resposta à detenção no Canadá, a pedido da justiça dos Estados Unidos, de uma executiva do grupo chinês Huawei. “Nossa posição é clara: em todas as situações deste tipo deve-se respeitar a lei e os direitos humanos dos afetados”, disse Guterres.