Raramente se pode dizer acerca de um homem da história atual, como se diz acerca de Mohammad Ali Jinnah, que, sem ele, o mapa mundial e o destino de uma nação não poderiam ser como se tornaram. Se Jinnah não tivesse existido, o Paquistão não teria existido, seguramente nunca em 1947. Como paquistaneses, consagramo-lo e veneramo-lo como Quaid-e-Azam, o Grande Líder. Foi graças à sua profunda dedicação e envolvimento que conseguimos a nossa independência e o Paquistão surgiu no mapa mundial como um Estado independente e soberano a 14 de agosto de 1947.
Jinnah deixou uma forte marca na história sul-asiática, imprimindo-lhe uma nova direção. Criou um Estado a partir de uma entidade política mais vasta baseado no argumento de que os muçulmanos da Índia britânica constituíam uma nação separada e não uma comunidade. É importante compreender o contexto e as circunstâncias que levaram à procura de uma pátria própria. Só então poderemos ter uma noção realista e objetiva relativamente à criação do Paquistão.
O septuagésimo aniversário agora celebrado pelo Paquistão e pela Índia deveria representar uma oportunidade para lançar reflexões profundas e novos compromissos. Seria muito vantajoso para a região e para o seu povo se os estereótipos negativos fossem substituídos por uma melhor compreensão mútua, cordialidade e cooperação. A região precisa de trabalhar para a construção de um futuro melhor, um futuro capaz de trazer paz, progresso e prosperidade ao povo sul-asiático. Jogos de culpabilização ou marcação de posições de superioridade em nada ajudam, porque precisamos preparar um futuro melhor e espalhar as sementes da paz junto das novas gerações.
Precisamos de uma reavaliação realística do nosso passado e de determinação para enfrentar os desafios do futuro. Baseada na legalidade internacional, a solução de vários conflitos, incluindo o de Caxemira, é possível e muito necessária ao estabelecimento da paz e no entanto esses conflitos persistem, envoltos em desconfianças e hostilidade. Só a coragem política pode fazer a ponte entre a visão da paz e a realidade do conflito. No que diz respeito ao Paquistão, mantém-se a abertura ao diálogo, de forma a que se concretize o plano de uma vizinhança pacífica.
Hoje, ao fim de 70 anos de existência, podemos dizer com satisfação que, apesar de tudo, o Paquistão fez um progresso considerável e segue no bom caminho. O Paquistão deu também uma valiosa contribuição para a estabilidade, a paz e a prosperidade na região. Fundou as bases para um crescimento regular e sustentável. Conseguiu o fortalecimento político das instituições democráticas, caracterizado por um atento controlo parlamentar, um ativo poder judicial e meios de comunicação social livres. A sua dinâmica e vibrante sociedade civil serve também de grupo de pressão para melhorar a qualidade da governação no seu conjunto.
As mulheres paquistanesas estão progressivamente a ganhar projeção e a conquistar um lugar próprio em todas as áreas, incluindo a política, os meios de comunicação social, a diplomacia, os negócios, a sociedade e o mundo corporativo e jurídico.
O terrorismo, o fenómeno mais ameaçador do século XXI, tem afetado profundamente o Paquistão, tornando-o a sua maior vítima. Os esforços do país e as suas iniciativas contra o terrorismo são bem conhecidas. Ninguém pode duvidar da sua determinação. Enfrentou e reprimiu a ameaça do terrorismo e da violência extremista na sua sociedade. Várias operações contra todos os terroristas e os seus cúmplices têm eliminado com sucesso as redes terroristas e as suas ramificações. Assim sendo, a segurança no país tem melhorado significativamente, criando um ambiente favorável ao reflorescimento da economia e do investimento. O Paquistão tem feito um progresso significativo no sentido da estabilidade macroeconómica.
Sendo o sexto país mais populoso do mundo, o Paquistão está a viver uma retoma económica globalmente reconhecida. Espera-se que o PIB registe um crescimento superior a 6 % nos próximos anos. Vários projetos no domínio da energia e das infraestruturas desenvolvidos no âmbito do Corredor Económico China-Paquistão (CPEC) estão a mitigar as dificuldades energéticas e a promover as ligações internas. A localização geoestratégica do Paquistão constitui a sua força. O CPEC é um projeto ambicioso. Esperamos que funcione como um agente catalisador do aumento do investimento estrangeiro direto no país.
O Paquistão dispõe de recursos minerais abundantes. É ainda dotado de significativas reservas de carvão, gás, pedras preciosas, cobre e ouro. Uma das maiores reservas mundiais de carvão está localizada no distrito de Thar, província de Sindh. O Paquistão tem a terceira maior reserva de cobre, a quinta de minério de ferro, a quinta de carvão e a segunda maior reserva de sal.
As redes de canais de irrigação das províncias de Sindh e Punjab contribuem para tornar o Paquistão um dos maiores produtores mundiais de trigo, arroz, leite, algodão, mangas, citrinos e de muitos outros produtos agrícolas. O Paquistão é considerado o 4.º maior produtor mundial de algodão e também o 4.º maior produtor de leite, o 8.º maior produtor de trigo, o 9.º maior produtor de carne e o 11.º produtor de arroz. Temos mais de 1000 km de costa, que representam oportunidades únicas nas áreas da navegação, turismo, pesca e energia eólica.
O Paquistão tem excelentes profissionais nas áreas da engenharia, banca, advocacia e em outras áreas, muitos com substancial experiência a nível internacional. Com tais recursos naturais e humanos, o Paquistão tem condições para prosseguir no caminho do crescimento económico sustentável, concretizando assim a visão do nosso pai fundador Quaid-e-Azam Mohammad Ali Jinnah.
*Embaixadora do Paquistão em Portugal