Embaixada da Noruega promove a “Noite do Bacalhau” com sua iguaria mais famosa em pratos brasileiros. Conservação dos oceanos também foi abordada pelo embaixador do país
Raquel Pires
Os mares da Noruega são o ambiente ideal para o crescimento dos peixes e excelente para que o autêntico bacalhau se desenvolva. Como resultado, o país oferece ao consumidor um produto mundialmente reconhecido pela sua qualidade. O famoso peixe do país nórdico foi a estrela da noite na sede diplomática norueguesa em Brasília, na última quarta-feira (03), durante uma recepção, em que pratos famosos da culinária brasileira de diversas regiões do país foram feitos com o bacalhau. O evento foi regado a receitas famosas, como o bolinho de bacalhau carioca, e outras mais exóticas, como as iscas de bacalhau com tapioca e coulis de açaí com laranja e manga, vindo do Acre.
Contatando com a presença de diplomatas e do ministro da Pesca, Harald Nesvik, o jantar trouxe delícias vindas de vários estados do país, como Acre, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Pratos exóticos que agradaram a todos. Tudo preparado com esmero pelo chef Rodrigo Viriato.
O embaixador Nils Martin Gunneng saudou todos os presentes em nome do Conselho Norueguês de Pesca (Norwegian Seafood Council – NSC), uma empresa pública subordinada ao Ministério da Pesca e Assuntos Costeiros. Com matriz em Tromso, ao norte da Noruega, a empresa possui representação na Suécia (Estocolmo), Alemanha (Hamburgo), França (Paris), Espanha (Madri), Portugal (Lisboa), Itália (Milão), Singapura, Inglaterra, Brasil (Rio de Janeiro), Japão (Tóquio), China (Shangai) e nos EUA (Boston).
Em seu discurso, o diplomata enalteceu a relação entre os Brasil e Noruega, que segundo ele surgiu com a chegada do bacalhau norueguês ao Brasil. “O bacalhau da Noruega tem quase 200 anos de tradição no Brasil e queremos continuar essa parceria por no mínimo mais 200 anos”, comentou bem-humorado.
Porém para garantir esse futuro, Nils afirmou ser preciso cuidar melhor dos nossos oceanos e nos atentar a “sobre pesca, a poluição marinha, acidificação e o aumento da temperatura dos oceanos, que altera negativamente todos nós, inclusive a pesca”.
O ministro Harald Nesvik também remeteu a relação de longa data do Brasil e Noruega, com a chegada do navio norueguês ‘Nordstjernen’ (a Estrela do Norte) em 1842, ao Rio de Janeiro, carregado com Bacalhau, e iniciando assim a parceria entre os dois países. “Na Noruega, eu garanto a vocês que nós nunca dizemos não ao café. Foi dessa forma que nossos países começaram uma relação. Trocando café e o bacalhau”, relembrou.
Para Nesvik, hoje, o Brasil é um grande parceiro da Noruega, e apesar da distância geográfica entre os países “continuamos cooperando ao longo dos anos e continuaremos assim”, frisou. E além do bacalhau, outras áreas também são focos de parceria, “como meio ambiente, bancos, biocombustíveis e outros”, finalizou o ministro.
A parceria entre os países, inclusive, foi ressaltada pelo embaixador no que se diz a conservação dos mares, pois a economia da Noruega é em grande parte baseada nos oceanos. “Ainda temos água fria e limpa, que dá condições perfeitas para o bacalhau, mas para continuar a produzir o melhor do mundo, precisamos de mares limpos e frios no futuro também. Assim como comércio e cooperação internacional”.
O seminário “Oceano para o prato – gestão sustentável da pesca e agricultura”, organizado em conjunto com o Ministério da Agricultura do Brasil é considerado pelo embaixador o primeiro passo de uma cooperação estreita entre Brasil e o país nórdico. “Começando assim, podemos assegurar oceanos limpos, bem como a sustentabilidade climática através da nossa cooperação para proteger nossas florestas”.
CONSERVAÇÃO – A Noruega é uma nação marítima e investe todos os anos em ações que visam o fim da poluição e a preservação dos mares e ecossistemas que ali estão. Todo ano, valores totalizando mais de sessenta bilhões de dólares são criados nesses setores. Portanto, a gestão sustentável dos mares é crucial para o futuro da Noruega e do mundo, já que o crescimento da população significa mais recursos e serviços do mar, como comida, energia, medicamentos, minerais e transporte.
Todo ano, cerca de oito milhões de toneladas de plástico são despejadas no mar, com grandes impactos ambientais. Seguindo a iniciativa norueguesa, a Assembleia Ambiental da ONU adotou a visão zero de plástico no mar e a Noruega contribuiu com trinta milhões de dólares em 2018.
Fotos: Bruno Oliveira Gui Teixeira