Anwaar-ul-Haq Kakar, senador, assume o posto até a realização de eleições nos próximos meses
O senador Anwaar-ul-Haq Kakar, até agora pouco conhecido, prestou juramento nesta segunda-feira (14) como primeiro-ministro interino do Paquistão e liderará o país até a realização de eleições nos próximos meses. A cerimônia ocorreu quando o país celebra o 79º aniversário de independência. A primeira tarefa de Kakar, de 52 anos, será nomear um governo para administrar o país antes de um período eleitoral que pode durar vários meses.
“Vou me esforçar para preservar a ideologia islâmica que é a base da criação do Paquistão. Não permitirei que meus interesses pessoais influenciem minha conduta ou minhas decisões oficiais”, prometeu ele durante uma cerimônia transmitida ao vivo pela televisão.
O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, deixou o governo com a dissolução da Assembleia Nacional, na noite do dia 09 de agosto. Ele anunciou que aconselhará a decisão do presidente do país, Arif Alvi. A iniciativa também permitirá a criação de um governo interino que deverá realizar as próximas eleições gerais em até 90 dias, ou seja, novembro.
Conflito – Em Brasília, no dia 03, em um briefing para jornalistas, o Chefe de Chancelaria Irfan Ullah Khan lembrou os conflitos nos Territórios Indianos Ocupados de Jammu e Caxemira (IIOJK). A região continua disputada entre o Paquistão e a Índia, tendo sido causa de três guerras (1948, 1965 e 1999) e considerada um “Ponto de Tensão Nuclear”. Em 5 de agosto de 2018, Segundo Khan, “ações ilegais da Índia alteraram o status do território contestado internacionalmente reconhecido de IIOJK alterando sua estrutura demográfica”. O diplomata afirmou que o governo do Paquistão espera o apoio do Brasil.
Na Primeira Guerra da Caxemira de1948, a Índia levou a questão da Caxemira ao Conselho de Segurança da ONU sob o artigo 35 da Carta da ONU em 1º de janeiro de 1948. O Conselho de Segurança então aprovou a Resolução 47 em 21 de abril de 1948, pedindo um cessar-fogo imediato. incêndio e propondo um plebiscito para determinar se o estado deve aderir à Índia ou ao Paquistão.
Posteriormente, a ONU emitiu um total de 18 resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a questão da Caxemira, a qual continua sendo disputada. “O povo brasileiro e a comunidade internacional devem se solidarizar na busca de uma solução pacífica e justa para a Questão da Caxemira de acordo com as Resoluções da ONU”, afirmou Khan. Segundo o diplomata, o cerco militar indiano persiste, “restringindo severamente as liberdades fundamentais do povo da Caxemira, e a alta liderança da Caxemira permanece encarcerada”.
Mensagens – Em mensagem do presidente paquistanês Arif Alvi, distribuída por Irfan, o dirigente do país afirma que “o Paquistão continuará a ser a voz de seus irmãos e irmãs da Caxemira, que têm feito sacrifícios inestimáveis, e estenderá todo o apoio possível para a plena realização de seus direitos legítimos”. Segundo Alvi, não há dúvidas de que paz e estabilidade duradouras no sul da Ásia só podem ser alcançadas por meio de uma resolução pacífica da disputa de Jamu e Caxemira, segundo as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Já em outra mensagem, o Ministro das Relações Exteriores, Bilawal Bhutto Zardari, afirma que “o Paquistão quer boas relações com todos os seus vizinhos, incluindo a Índia”. A seu ver, porém, a harmonia só será alcançada por meio da resolução de disputas e não por meio da negação de disputas. “A paz duradoura na região continua dependente da solução da disputa de Jamu e Caxemira”, garante.
A Caxemira é dividida entre a Índia e o Paquistão, duas potências nucleares que já travaram duas guerras pelo domínio daquele estado. Os dois países disputam a região montanhosa na totalidade, desde a partição do subcontinente, em 1947, no final da época colonial britânica. Diferentes grupos separatistas combatem, há várias décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região, para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão. Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, já morreram no conflito.
História – O dia 14 de agosto, Dia da Independência do Paquistão, pode ser considerado um dia duplo de libertação. Os indianos muçulmanos lutaram pela independência do domínio britânico e, posteriormente, se rearmaram para lutar por seu próprio estado-nação, o Paquistão, que já foi parte do subcontinente indiano. Depois que os britânicos suprimiram a Rebelião Indiana de 1857, a Coroa assumiu o controle total sobre o Raj britânico. Isso durou até 1947, quando o Paquistão ganhou sua independência.
O Plano Mountbatten criou uma nação muçulmana independente, separando o Paquistão (composto pelo Paquistão Ocidental e Oriental) da Índia. Em 1971, o Paquistão Oriental alcançou sua própria independência e mudou seu nome para Bangladesh. Hoje, o Paquistão Ocidental é simplesmente referido como Paquistão.