Os dois países buscam ampliar relações no comércio, turismo e inovação
Ana Cristina Dib/ Comex do Brasil
Localizada a 13 horas de voo de Buenos Aires, com uma extensão de apenas 268 mil km2 e uma população de 4,7 milhões de habitantes, a Nova Zelândia teve que se abrir para o mundo e investir pesado em inovação para conquistar espaço na cena internacional. Em termos de comércio exterior, por exemplo, o país, que tem uma vasta rede de acordos de livre comércio firmada com os principais países e blocos econômicos do planeta, foi um dos primeiros a assinar um acordo de livre comércio com a China, em 2008.
Ano passado, a Nova Zelândia foi eleita pela ONG Transparência Internacional como o país com menor índice de percepção de corrupção no setor público, conquistou o título de nação mais próspera e o primeiro lugar na classificação relativa à facilidade para se fazer negócios em todo o mundo, de acordo com um ranking elaborado pelo Banco Mundial e no qual o Brasil ocupa um nada honroso 125º. Lugar.
Esse país pequeno e distante tem muito a compartilhar com o Brasil. Em matéria de desburocratização de empresas e impostos, por exemplo. Segundo o Banco Mundial, um dos motivos que fazem da Nova Zelândia o melhor lugar do mundo para se abrir um negócio se deve ao fato de o pais possuir o menor número de procedimentos necessários para a criação de uma empresa e graças ao tempo reduzido –apenas doze horas- para se cumprir os procedimentos burocráticos e legais necessários para a abertura de um negócio. E, na prática, esse processo, que é inteiramente virtual, pode ser ainda mais rápido e consumir apenas duas horas.
Outro dado capaz de mostrar as diferenças no ambiente de negócios no Brasil e na Nova Zelândia reside no fato de que a Nova Zelândia possui um total de 500 startups, com uma densidade de uma startup a cada 9.483 habitantes, enquanto no Brasil existe uma empresa inovadora para cada grupo de 50.136 pessoas.
Aproximação comercial e na cooperação
Apesar da distância que separa os dois países, Brasil e Nova Zelândia têm procurado estreitar suas relações políticas, comerciais e de cooperação. Em março de 2013, o então primeiro ministro neozelandês, John Key, visitou o Brasil no contexto de um giro pelos países da América Latina e assinou com a ex-presidente Dilma Rousseff um acordo de cooperação científica, tecnológica e de inovação.
Também foi firmado um acordo aéreo destinado a permitir que empresas brasileiras e neozelandesas operem sem limitações tarifárias ou de passageiros entre os dois países. Com o acordo, buscou-se também ampliar as conexões entre o Brasil e a Nova Zelândia e aumentar o fluxo comercial e turístico bilateral.
Embaixador Chris Langley
Recentemente, mais precisamente no dia 12 de julho, o Embaixador da Nova Zelândia no Brasil, Chris Langley, visitou a Embratur (Instituto Brasileiro do Turismo) para tratar das perspectivas de criação de rotas ligando os dois países e também debater sobre ações de cooperação para troca de experiências na promoção do turismo.
Brasil e Nova Zelândia ainda não estão ligados por voos diretos e os brasileiros que se destinam àquele país o fazem via Buenos Aires e Santiago para Aucland e a expectativa é de que em breve sejam criados voos regulares entre os dois países. Na reunião realizada na Embratur discutiu-se o modelo de branding neozelandês, que é considerado referência no mundo por incluir, sob o mesmo guarda-chuva, a promoção comercial e de serviços, entre eles o turismo.
O desenvolvimento do setor no país pode servir como case de sucesso para o Brasil. Com uma população de 4,7 milhões de habitantes, a Nova Zelândia recebe cerca de 3,5 milhões de turistas estrangeiros por ano (contra pouco mais de 6 milhões recebidos pelo Brasil), gerando uma receita de aproximadamente R$ 25 bilhões.
Comércio bilateral
O intercâmbio comercial brasileiro-neozelandês registrou as cifras mais expressivas em 2013, ano em que as exportações brasileiras totalizaram US$ 74 milhões e as importações somaram US$ 158 milhões. Com uma corrente comercial (exportações+importações) no montante de S$ 232 milhões, o comércio entre os dois países proporcionou à Nova Zelândia um superávit de US$ 84 milhões, o maior da história das trocas entre os dois países.
Este ano, de janeiro a junho, o Brasil exportou mercadorias no valor de US$ 28,3 milhões e importou US$ 28,7 milhõe em produtos neozelandeses, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Os produtos manufaturados foram responsáveis, nos seis primeiros meses do ano, por 66,3% das exportações para a Nova Zelândia, com uma receita de US$ 18,8 milhões. Os produtos básicos, com vendas no total de US$ 8,18 milhões, tiveram uma participação de 28,8% nos embarques para aquele país. Já as exportações de produtos semimanufaturados somaram US$ 1,32 milhões, equivalentes a 4,66% do total embarcado para a Nova Zelândia.
Os principais produtos exportados para a Nova Zelândia foram órgãos e substâncias de animais para a produção de produtos farmacêuticos (US$ 4,17 milhões), suco de laranja concentrado (US$ 3,6 milhões), máquinas para terraplenagem (US$ 3,3 milhões), café em grãos (US$ 3 milhões) e calçados (US$ 1,4 milhão).
As exportações neozelandesas para o Brasil também tiveram como destaque os produtos industrializados, responsáveis por 78,4% das vendas e uma receita no valor de US$ 22,5 milhões, seguidos pelos produtos básicos (US$ 4,35 milhões e participação de 15,1%) e produtos semimanufaturados (US$ 1,87 milhão, correspondentes a 6,5% dos embarques totais para o Brasil).
Os destaques ficaram por conta dos produtos constituídos do leite (US$ 7,9 milhões), demais produtos manufaturados (US$ 6 milhões), filés de peixes congelados (US$ 2,2 milhões), demais produtos básicos (US$ 1,6 milhão) e ligas de alumínio (US$ 1,6 milhão).