O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, venceu as eleições presidenciais do Egito com 89,6% dos votos, garantindo, sem surpresa, um novo mandato de seis anos, anunciou a Autoridade Eleitoral Nacional nesta segunda-feira (18).
O chefe da autoridade, Hazem Badawy, disse que a participação da população atingiu uma taxa “sem precedentes” de 66,8% entre os 67 milhões de eleitores do Egito. À frente do país durante uma década, al-Sissi iniciará um terceiro mandato em abril, que deverá ser o último, segundo a Constituição Egípcia.
A sua reeleição era dada como certa, neste país de 106 milhões de habitantes que viveu múltiplas crises, que vão desde a queda no poder de compra até à guerra na vizinha Faixa de Gaza. Nas eleições presidenciais de 2014 e 2018, o ex-marechal al-Sissi, que chegou ao poder em 2013 ao derrubar o Mohamed Morsi, do movimento Irmandade Muçulmana, venceu com mais de 96% dos votos, com uma taxa de participação de 47% em 2014 e 41,05% em 2018.
Desde então, ele estendeu a duração do mandato presidencial de quatro para seis anos e alterou a Constituição para aumentar o limite de dois para três mandatos presidenciais consecutivos.
Quase 40 milhões de eleitores
Este ano, o presidente disputou as eleições com três candidatos pouco conhecidos do grande público: Hazem Omar, líder do Partido Popular Republicano e segundo na votação com 4,5% dos votos, Farid Zahran, líder de um pequeno partido de esquerda e Abdel-Sanad Yamama, do Wafd, um partido centenário, mas agora marginal.
Mais de 44 milhões de pessoas votaram entre 10 e 12 de dezembro, segundo a Autoridade Eleitoral Nacional do Egito, e mais de 39 milhões delas votaram em al-Sissi. Nas ruas, os cartazes de campanha do presidente estavam por toda parte. Vários eleitores que saíram às urnas disseram à AFP que “não conheciam os outros candidatos”, enquanto grande parte do país desconhecia completamente a votação.
Longe de entusiasmar as multidões, a campanha presidencial teve lugar em novembro, à sombra da guerra entre Israel e o Hamas, um conflito que monopolizou a atenção dos meios de comunicação social e do público desde a sua eclosão em 7 de outubro.
A eleição também ocorreu em meio a uma crise econômica: a inflação está atualmente em 36,4%, a moeda perdeu metade do seu valor e os preços de alguns alimentos básicos aumentam a cada semana. Dois terços da população do Egito vivem abaixo ou ligeiramente acima do limiar da pobreza.
Muitos egípcios que apoiam al-Sissi acreditam que ele é o responsável pelo retorno à estabilidade no país após o caos gerado pelas manifestações na chamada Primavera Árabe, em 2011, que resultou na queda de Hosni Mubarak, após 30 anos de reinado. Desde o início do seu primeiro mandato, em 2014, al-Sissi prometeu trazer estabilidade, incluindo a econômica.
Com informações da AFP