A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) publica a quarta edição das memórias do ex-chanceler Mario Gibson Barboza Na diplomacia, o traço todo da vida, em comemoração ao Dia do Diplomata, que se celebra todo dia 20 de abril há cinquenta anos.
A efeméride foi instituída pelo Decreto nº 66.217, de 17/02/1970. A data de 20 de abril foi escolhida em homenagem ao nascimento de José Maria da Silva Paranhos, o barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira. O responsável pelo estabelecimento do Dia do Diplomata foi o então chanceler Mario Gibson Barboza.
Ele também foi o responsável pela transferência do Itamaraty do Rio de Janeiro para Brasília, em 1970. A primeira vez que o Dia do Diplomata foi comemorado, em 20 de abril de 1970, celebrou-se também essa transferência oficial do Itamaraty para Brasília. Portanto, em 2020 comemora-se esse duplo cinquentenário.
Formado pela Faculdade de Direito do Recife, Gibson Barboza entrou para a carreira diplomática por concurso em 1940. Esteve na delegação brasileira durante a criação da Organização das Nações Unidas, em São Francisco (1945), e serviu em vários postos, entre eles nas embaixadas do Brasil em Washington, Bruxelas, Buenos Aires, Viena, Assunção, Atenas, Roma e Londres, bem como na missão permanente do Brasil junto à ONU.
No Brasil, foi chefe de gabinete de três ministros das Relações Exteriores: Raul Fernandes (nas duas vezes em que foi chanceler), Afonso Arinos de Mello Franco e San Tiago Dantas. Foi, também, secretário-geral do Itamaraty entre 1968-69, antes de assumir a chefia do órgão. A primeira edição do livro, de 1992, foi sucedida por outras duas, em 2002 e 2007. Esta 4ª edição da obra (1ª pela FUNAG), com ortografia atualizada, conta com um novo e expandido caderno de fotografias da época, várias delas inéditas. Uma dessas fotografias, na página 264, registra a primeira cerimônia do Dia do Diplomata, em 20/04/1970.
A obra, que pode ser considerada um clássico da história diplomática brasileira, descreve, com riqueza de detalhes, importantes episódios da prolífica carreira de Gibson Barboza, especialmente durante sua gestão à frente do Itamaraty. Pode-se citar, como exemplos dos temas tratados na obra, a questão do aproveitamento energético da bacia do Prata e a negociação e assinatura, por Gibson Barboza, do Tratado de Itaipu; o complexo processo de transferência do Itamaraty para Brasília; as relações do Brasil com os Estados Unidos e a amizade de Gibson Barboza com importantes figuras como Henry Kissinger; a defesa do mar territorial de duzentas milhas; a posição brasileira em relação ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP); a aproximação com os países africanos; as tensões com Portugal sobre suas colônias na África; a tentativa de intermediação no conflito árabe-israelense, no início de 1973; o desafio de lidar com os sequestros de diplomatas pelas guerrilhas no Brasil e no Uruguai; etc.
Essa importante obra, que estava há anos esgotada, agora está disponível para download gratuito na biblioteca digital da FUNAG.