O intercâmbio de know-how entre empresárias é o principal objetivo do Projeto “Trocas Inteligentes” apresentado no dia 23 de maio, na Embaixada do Canadá, em Brasília
Súsan Faria
O trabalho é liderado por Silvana Bastian e Lessandra Fraga, respectivamente presidente e vice-presidente da Business and Professional Women (Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais – BPW) de Porto Alegre. Cerca de 40 mulheres da BPW Brasília participaram do evento que contou com a presença do embaixador canadense Riccardo Savone. Houve ainda apresentação do Talk Show “A importância das redes para o desenvolvimento das mulheres e igual oportunidades”.
As duas gestoras apresentaram o “Trocas Inteligentes” por meio do qual são realizados eventos mensais, no horário das 19h às 21h30, pela BPW Porto Alegre, com palestras abertas a empresárias, executivas e aspirantes a empreendedoras. Nessas ocasiões, as empresárias também apresentam cases de sucesso de suas empresas, resumidamente.
“Hoje, 80% das participantes do projeto não são sócias da BPW, mas de mulheres que estão em busca de conhecimento e trocas de experiências”, explicou Silvana Bastian, sócia da Mais Criativa Consultoria & Treinamento. Segundo ela, o objetivo do projeto não é o competir, mas compartilhar experiências e informações.
Brasília foi a primeira cidade a receber o projeto. A presidente da BPW Brasília, Cristina Melo, disse que a entidade está presente em mais de 100 países, fomentando o empreendedorismo. “Somos uma rede de mulheres líderes influentes, reconhecidas mundialmente. Lideramos líderes. Acreditamos que podemos fazer, e fazemos”, afirmou.
O embaixador Riccardo Savone saudou as empresárias e defendeu que as mulheres tenham acesso não só a melhores salários, mas também às lideranças. Em detrimento de um projeto internacional da BPW, a Ministra Conselheira da Embaixada, Alison Grant, fez palestra sobre “Trabalho Igual – Salário Igual– no Canadá”.
Canadá – Grant disse que até o final de 2018, o Canadá deverá ter uma nova legislação no setor de igualdade salarial para homens e mulheres. Explicou que a principal novidade na nova Lei será a criação de modelos que permitam corrigir logo no início os problemas de desigualdade salarial, ou seja, “uma maneira proativa ao invés de reativa ao modelo atual que investiga os casos, baseados nas queixas recebidas”.
A conselheira deu números atuais sobre a situação de trabalho feminino no Canadá: 82% de todas as mulheres estão no mercado de trabalho; 76% dos trabalhadores em tempo parcial são mulheres; um homem ainda ganha 13% a mais do que a mulher para realizar um trabalho equivalente. Segundo Grant, esse fato se deve ao tipo de trabalho de ambos os sexos e também porque as mulheres costumam trabalhar meio período, têm horários flexíveis e ocupam posições menos estáveis.
A diplomata canadenses acrescentou que a diferença salarial ainda se dá porque as mulheres têm menos oportunidades de crescimento, há falta de política e metodologia claras, discriminação, estereótipos e estigmas. No Setor público canadense, a diferença salarial entre homens e mulheres é menor: 9,2%, nos últimos 10 anos. Para homens e mulheres com menos de 35 anos, o hiato diminuiu para 3,0%.
Melhorias -“O Governo do Canadá está empenhado na causa da igualdade de gênero e acredita firmemente no princípio da igualdade de remuneração por trabalho de igual valor e no tratamento justo de todos os trabalhadores no local de trabalho”, comentou a conselheira. Segundo Grant, nos últimos 10 anos, as mulheres têm acesso a mais cargos altos no serviço público. “A participação das mulheres entre os que ganham mais aumentou de 32% em 2005 para 42% em 2015”, explicou.
A Lei Canadense de Direitos Humanos estabelece que “é uma prática discriminatória um empregador estabelecer ou manter diferenças nos salários entre os trabalhadores de gênero diferente que são empregados no mesmo estabelecimento e que estão realizando trabalho de igual valor”.
A conselheira citou outras boas práticas do governo canadense como um sistema de denúncias sobre desigualdade de salário, dentro da lei de Direitos Humanos; e a Lei de Igualdade no Emprego, que exige que os departamentos e agências do governo federal implementem iniciativas que contribuam para eliminar as lacunas na representação dos quatro grupos designados de Igualdade de emprego: mulheres, povos indígenas, pessoas com deficiências e as minorias raciais.
História– A BPW é uma organização internacional fundada na Suíça, em 1930, e está presente em mais de 100 países. São 40 mil filiadas ao redor do mundo: empresárias e profissionais em busca de negócios, defesa de direitos e promoção da paz. É uma organização não governamental que realiza inúmeros projetos que fomentam o empreendedorismo, a capacitação de lideranças e implementam iniciativas de responsabilidade social para melhorar a qualidade devida de mulheres e meninas em todo o mundo.
A próxima edição do “Trocas Inteligentes” em Brasília acontecerá no dia 27 de junho, às 19h, na FNAC do ParkShopping com o tema “Liderança Transformadora para Mulheres”.