O número de manifestantes mortos hoje, por tiros disparados pelas forças de segurança para dispersar protestos contra a junta militar em Myanmar, subiu para pelo menos seis, havendo fontes que indicam até 11 vítimas mortais.
De acordo com a agência de notícias AP, na cidade de Monywa, no centro do país, uma enorme multidão reuniu-se para protestar contra o golpe militar e três pessoas foram baleadas, incluindo uma na cabeça, informou hoje a Voz Democrática da Birmânia, uma televisão independente e serviço de notícias online.
Em Myingyan, também na região central, várias publicações nas redes sociais relataram a morte a tiro durante os protestos de um jovem de 14 anos e uma segunda morte mais tarde, havendo ainda relatos de que pelo menos mais uma pessoa morreu noutra cidade do país.
De acordo com agência de notícias EFE, nove pessoas morreram hoje durante a repressão policial em Myanmar. As mortes incluem cinco manifestantes na cidade de Monywa, dois em Mandalay, um em MyinGyan e um outro em Rangum, subindo para mais de trinta mortos desde o golpe militar em 01 de fevereiro.
A agência francesa France-Presse, por seu turno, dá conta de que 11 pessoas foram mortas e várias outras feridas pelos tiros com balas reais disparados pelas forças de segurança, a maioria em Mandalay, segunda maior cidade do país, e em Monywa.
As manifestações de repúdio ao golpe militar continuaram hoje em todo o país, apesar da brutal repressão policial, que só no domingo custou a vida a 20 manifestantes, a maioria deles devido a tiros disparados pela polícia.
Além de munição real, as autoridades birmanesas reprimiram os protestos de hoje com gás lacrimogéneo, balas de borracha e granadas de choque. No entanto, quando a situação acalmou, os manifestantes voltaram às ruas para continuar o protesto.
Os manifestantes exigem que o exército, que governou o país com mão de ferro entre 1962 e 2011, restaure a democracia, reconheça os resultados das eleições de novembro e pedem a libertação de todos os detidos pelos militares, incluindo a líder de facto Aung San Suu Kyi.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Indonésia, Malásia e Singapura condenaram na terça-feira o uso de força letal pelas autoridades birmanesas para reprimir o movimento pacífico de oposição que surgiu após o golpe militar.
Os ministros, reunidos por videoconferência durante uma sessão informal da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na qual participou o ministro nomeado pela junta militar birmanesa, Wunna Maung Lwin, exortaram o exército a procurar uma solução de diálogo para a crise política e a libertação dos detidos.
O exército birmanês justificou a tomada do poder por uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, onde os observadores internacionais não detetaram qualquer fraude e em que a Liga Nacional pela Democracia, partido liderado por Suu Kyi, foi o vencedor, assim como já tinha ocorrido em 2015.