Jornal do Comércio
Querendo aproveitar o acordo amplo de livre comércio (ALC) assinado entre Chile e Brasil em novembro de 2018, uma missão empresarial gaúcha, com participação da Fiergs, deve visitar aquele país até o final de maio ou começo de junho. O embaixador chileno no Brasil, Fernando Schmidt, esteve ontem em Porto Alegre encontrando-se com empresários na Fiergs e com o governador Eduardo Leite no Palácio Piratini.
Com o acerto firmado no ano passado, Brasil e Chile assumiram compromissos em 24 áreas não tarifárias, que vão desde a facilitação de comércio e o comércio eletrônico à eliminação de cobrança de roaming internacional para dados e telefonia móvel. O documento prevê, ainda, temas como serviços, barreiras não tarifárias, boas práticas regulatórias, propriedade intelectual, incentivo à maior participação de micro, pequenas e médias empresas, comércio e meio ambiente, entre outros.
Schmidt destaca que a principal pauta entre as duas nações agora é a ratificação do acordo. O embaixador ressalta que o acerto possibilita novos investimentos e a atualização das normas comerciais. Sobre o fato de o documento ter sido assinado durante o governo de Michel Temer e se essa situação poderia implicar alguma alteração durante a gestão de Jair Bolsonaro, o dirigente comenta que, até o momento, não houve sinais quanto a essa hipótese. “Esperamos que não haja mudança alguma”, enfatiza.
O embaixador acrescenta que o acordo entre Brasil e Chile será também naturalmente benéfico para o Rio Grande do Sul. Ele vê potencial para bons negócios com o Estado no segmento de serviços, por exemplo. Schmidt defende que Brasil e Chile precisam fazer parcerias para atingir mercados mais distantes, como China e Japão.
O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, considera o Chile como um excelente e confiável parceiro comercial para o Estado e para o País. O empresário recorda que o Rio Grande do Sul pode importar artigos como frutas e exportar móveis, máquinas, entre outros produtos. Já o governador, durante a visita do embaixador chileno, garantiu que o posicionamento estadual busca oferecer um ambiente favorável a investimentos no Rio Grande do Sul. Para alcançar tal objetivo, Leite cita que planeja propor reformas estruturais, parcerias com a iniciativa privada e redução de burocracia.
Conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Chile foi o quinto maior destino das exportações brasileiras no ano passado, atingindo um valor de US$ 6,4 bilhões. Já no sentido inverso, foi o nono a respeito das origens das importações do Brasil, com US$ 3,4 bilhões. As exportações Brasil-Chile cresceram 141%, e as importações, 26% na última década. Entre os principais produtos exportados para os chilenos em 2018 estavam petróleo, carne bovina e automóveis. Nas importações constavam cobre, salmões e minérios de cobre.