A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou nesta quarta-feira (09) ao Parlamento do seu país que ainda acredita que exista uma “possibilidade de fechar um acordo” com o Reino Unido sobre o Brexit.”Há ainda uma possibilidade de fechar um acordo. Mas, não devemos colocar em risco a integridade do mercado comum”, disse a líder alemã, que também está na presidência rotativa da União Europeia.
A fala de Merkel vem horas antes do premiê britânico, Boris Johnson, viajar para Bruxelas para se reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Os líderes precisarão se reunir porque suas respectivas equipes de negociações não conseguem avançar nas conversas sobre três pontos principais – travados desde o início do ano. As reuniões deveriam ter terminado em outubro, mas foram arrastadas até dezembro para tentar um acordo.
A primeira delas é a rejeição de Londres ao “level playing field”, o compromisso de garantir o alinhamento às normas para que a concorrência seja “leal e justa” e nas mesma regras dentro do mercado comum europeu; o segundo é a rejeição dos britânicos de se submeterem às leis da Corte de Justiça Europeia, considerado o “mais fácil” de resolver; e o terceiro refere-se às práticas da Política Comum de Pescas.
Neste último, os países-membros do bloco têm a autorização de pescar em águas territoriais de outros Estados-membros. O Reino Unido quer ter o controle de quem vai ao seu mar para exercer a atividade comercial, já Bruxelas quer manter o livre acesso. O primeiro e o terceiro ponto são os que ambos os lados não querem ceder em nada.
Nesta terça-feira (08), os dois lados conseguiram chegar a um acordo sobre um ponto polêmico, que acabou voltando às mesas de discussão após o Reino Unido fazer a tramitação de um polêmico projeto de lei que revogaria cláusulas do Acordo de Retirada, assinado no ano passado e em vigor desde o início deste ano.
Pelo pacto, que ainda precisa ser validado por processos internos de Londres e Bruxelas, os britânicos se comprometerem a retirar três cláusulas da polêmica legislação que permitia alterações nas regras de importação e exportação com a Irlanda do Norte. Do seu lado, a União Europeia se comprometeu a encerrar a ação judicial por quebra da lei do direito internacional contra o Reino Unido.
Apesar desse avanço, a trava dos três pontos principais deve ser debatida entre Von der Leyen e Johnson – e disso dependerá o pós-Brexit nas questões econômicas, que entra em vigor, com ou sem acordo, em 1º de janeiro de 2021. Ontem ainda, porém, a Comissão Europeia admitiu pela primeira vez que essas conversas poderão seguir em janeiro, mesmo que a saída já esteja em vigor.
Há alguns meses, Johnson ressaltou que se ficasse sem acordo, a relação iria se basear em regras básicas do comércio internacional, no entanto, os britânicos tendem a perder mais com as taxas e impostos, pois a UE conseguiria absorver esse impacto entre seus 27 Estados-membros. .