Embaixador Nabil Adghoghi reúne amigos e aproveita a data para anunciar reinauguração do voo entre Casablanca e São Paulo, falar das oportunidades de investimentos que a Copa do Mundo 2030 trará no país e das relações bilaterais.
A embaixada do Marrocos no Brasil sediou nesta terça-feira (30), as comemorações da 25ª Data Nacional do país, marcando a ascensão ao trono do atual rei marroquino, Mohammed VI. A solenidade ocorreu em Brasília. Em seu discurso, o embaixador do Marrocos, Nabil Adghoghi, enfatizou as oportunidades de investimentos entre o Brasil e o Marrocos em áreas como logística, energia renovável e infraestrutura. O diplomata lembrou que o seu país receberá em 2030 a Copa do Mundo da Federação Internacional de Futebol (Fifa) juntamente com Portugal e Espanha, o que deve gerar oportunidades em infraestrutura.
De acordo com o embaixador, “o Marrocos sempre foi uma terra de convergência de civilizações e influências culturais, singularidade que moldou nossa identidade nacional e define hoje a posição do país no cenário mundial como ator ativo nos espaços Mediterrâneo, Africano e Atlântico”.
Adghoghi destacou a importância do turismo entre o Brasil e Marrocos, lembrando que a companhia aérea marroquina Royal Air Maroc retomará o voo direto entre os dois países. A empresa anunciou que a rota São Paulo-Casablanca voltará a ser operada no mês de dezembro deste ano, devendo estimular o fluxo bilateral de turistas.
Outra novidade para os viajantes anunciada pelo diplomata foi a viagem de trem de Madrid a Casablanca que será feita em 5 horas e 30 minutos. “Com certeza, este projeto, uma vez realizado, trará um novo modelo de mobilidade entre os três países, Espanha, Portugal e Marrocos, e, mais além, entre os dois continentes, África e Europa”, afirmou em seu discurso.
Além de fortes laços diplomáticos e culturais, Brasil e Marrocos mantém um comércio bem estabelecido, com trocas de US$ 2,6 bilhões no ano passado, dos quais US$ 1,2 bilhão correspondeu a exportações brasileiras ao mercado marroquino, especialmente de açúcar e de milho, e US$ 1,4 bilhão foi de vendas do Marrocos ao Brasil, principalmente de fertilizantes.
Ao falar das relações com o Brasil, Adghoghi lembrou que os novos acordos finalizados ou em fase de finalização que, segundo ele, “darão certamente um novo impulso a essa parceria, como o acordo em matéria aduaneira, o Memorando entre o Tongemed e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira; o MoU da Embraer com o Parque Aeronáutico de Casablanca, assim como a ambiciosa parceria comercial entre Embraer, Ruanda e Marrocos”.
Eventos – Segundo o Embaixador, o ano de 2024 está sendo marcado por importantes eventos: A terceira sessão de consultas políticas no dia 13 de maio aqui em Brasília; o Memorando de Entendimento assinado em maio entre a Polícia Federal do Brasil e a Direção-Geral de Segurança Nacional do Marrocos; a criação, a partir de setembro, de uma audiência de defesa do Marrocos no Brasil; a abertura de uma representação comercial e turística do Marrocos em São Paulo; a organização em dezembro próximo de um fórum empresarial Brasil-Marrocos.
O reinado do Rei Mohammed VI tem sido marcado pela introdução de importantes reformas modernizadoras da vida política, econômica e social do Marrocos, realizadas com espírito de pluralismo e tolerância. Reformas estas que muito contribuíram para a estabilidade e prosperidade do Marrocos.
Além disso, o diplomata falou também sobre a realização do gasoduto Nigéria-Marrocos, que “facilitará a conectividade energética entre os países da África Ocidental, promoverá a integração do mercado regional de eletricidade, beneficiando mais de 400 milhões de pessoas. Por sua vez, o Porto de Tongemet, agora o maior porto da África e do Mediterrâneo, se estabelece como um hub altamente competitivo para os corredores marítimos no Atlântico”.
Faixa de Gaza – Em seu discurso, Adghoghi ressaltou que o Marrocos sempre foi uma terra de tolerância, respeito, de coexistência onde os muçulmanos e os judeus viviam em paz e harmonia, onde Sua Majestade o Rei Mohamed VI perpetua assim o legado do Rei Mohamed V e do Rei Hassan II ao defender esses valores. “É da esperança de todos que essa coexistência, esse espírito de paz se espalhem e se irradiem no Oriente Médio e, por isso, o Marrocos insiste no imperativo de criação de um Estado Palestino soberano, viável e contínuo na base das fronteiras de 1977 com Jerusalém como capital”.
Representando o Itamaraty, o Diretor do Departamento de África e Oriente Médio do MRE, Antônio Augusto Martins César, reforçou que ao longo de 25 anos, os laços históricos de amizade entre os países se consolidaram. “A histórica visita de Sua Majestade o Rei Mohammed VI ao Brasil, há 20 anos, representou um ponto de inflexão nas nossas relações, caracterizadas pela variada agenda bilateral e pelo diálogo construtivo em foros multilaterais”.
Segundo César, o Marrocos constitui um sólido parceiro do Brasil na África e no mundo árabe, além de compartilhar uma grande amizade, que reflete “as semelhanças e admiração mútua dos dois povos, movidos pelas aspirações comuns ao desenvolvimento e à paz, os países têm sabido intensificar esses laços tradicionais de amizade em benefício mútuo”.
Diretor do Departamento de África e Oriente Médio do MRE, Antônio Augusto Martins César, durante discurso