Com amplo apoio de diferentes setores políticos italianos, Mario Draghi aceitou oficialmente nesta sexta-feira (12) o convite para nomear um novo gabinete de governo e assumir o cargo de primeiro-ministro da Itália.
O anúncio foi feito após o encontro de Draghi com o presidente Sergio Mattarella — que é responsável por autorizar e convidar nomes para formação do governo italiano, de acordo com a proporcionalidade do Parlamento. Durante a conversa, o economista anunciou que estava pronto para formar um governo de coalizão e revelar quem serão seus ministros.
Aos 73 anos, Draghi já foi presidente do Banco Central Europeu e é considerado uma das figuras mais respeitadas da política italiana (leia mais sobre a carreira do novo premiê da Itália mais adiante). Apelidado de “Super Mario”, o nome dele foi apontado como uma possível solução com bom trânsito e boa aprovação entre a maioria dos grandes partidos políticos.
Os ministros devem assumir no próximo fim de semana. Draghi, então, deverá ir ao Parlamento italiano para apresentar seu plano e enfrentar um voto de confiança — o que, na prática, é uma formalidade, porque já se sabe que ele tem o voto da maioria dos deputados.
O presidente Mattarella havia incumbido Draghi de organizar um novo governo quando a última coalizão ruiu, por rupturas com o mandato de Giuseppe Conte sobre a condução da economia e da pandemia. O novo ministério deve ter ministros dos grandes partidos e também pessoas de perfil técnico.
‘Super Mario’ – Draghi dependia do apoio do partido com maior participação no Parlamento, o Movimento 5 Estrelas — uma sigla centrista que se coloca contra a classe política tradicional italiana. Com o aval do grupo, o ex-presidente do Banco Central Europeu consolidou apoio de diversos setores da política do país, da esquerda à direita.
A experiência de Draghi no combate a crises impulsionou o consenso sobre o nome do novo premiê. Na Europa, o economista é visto como o presidente do Banco Central Europeu que salvou o euro. Isso rendeu a ele o apelido de “Super Mario” nos corredores e no noticiário político, em alusão ao personagem de videogames com sotaque italiano.
Draghi se formou em economia na Universidade La Sapienza, de Roma, e conseguiu um doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Em 1991, ele assumiu o cargo de diretor-geral do Tesouro na Itália.
Por fora dos embates políticos costumeiros da Itália, Draghi agora estará em evidência justamente num momento de crise no país: os italianos foram um dos países europeus mais atingidos pela pandemia de Covid-19, e o novo premiê admite que vai abandonar políticas de austeridade mesmo com o endividamento cada vez maior.
A Itália deverá receber um fundo de 200 bilhões de euros (R$ 1,2 trilhão) de auxílio da União Europeia, e os partidos querem fazer parte do governo de coalizão para poderem ter algum poder de decisão sobre o emprego desse dinheiro.
O novo premiê ainda disse que deverá criar um ministério para uma transição verde. Isso atende a uma das exigências da Comissão Europeia por combate às mudanças climáticas. A prioridade, no entanto, será o programa de vacinação contra a Covid-19. Quase 93 mil pessoas morreram na Itália em consequência da doença.