O governo britânico não aceitará que a União Europeia (UE) imponha certas regras ambientais, trabalhistas ou estatais em suas futuras relações comerciais, alertou nesta segunda-feira (17/2) o negociador britânico do Brexit, David Frost. “Para nós, é essencial poder estabelecer as leis que nos convém, reivindicar o direito de qualquer outro país não pertencente à UE no mundo”, disse Frost em discurso na Universidade Livre de Bruxelas.
“Não é uma posição de negociação simples que possa mudar sob pressão. É o objetivo do projeto como um todo”, insistiu o negociador do Reino Unido, país que desde 31 de janeiro não faz mais parte da UE.Londres e Bruxelas devem chegar a um acordo antes do final de 2020, quando termina o atual período de transição, um acordo sobre seu futuro relacionamento pós-brexit, para o qual ambas as partes estão finalizando sua estratégia de negociação.
O aguardado discurso de Frost chegou no momento em que os estados membros da UE estão desenvolvendo um mandato para seu próprio negociador, Michel Barnier, que define os objetivos e os limites nas negociações.O bloco quer que Londres se comprometa com o futuro relacionamento em várias áreas (meio ambiente, tributação, direito do trabalho, entre outras) para evitar concorrência desleal, em troca de acesso privilegiado ao mercado europeu.
Para os europeus, essas garantias parecem indispensáveis, dada a proximidade geográfica e econômica do Reino Unido, chamado para se tornar seu primeiro parceiro comercial. A UE gostaria também que o Tribunal de Justiça da UE (TJUE) tivesse a palavra final, no caso de uma futura disputa entre Londres e Bruxelas sobre a interpretação do direito comunitário.
“Pensar que poderíamos aceitar a supervisão da UE em questões de igualdade de condições de concorrência é ignorar o que estamos fazendo”, disse Frost. O negociador britânico lembrou que Londres espera chegar a um acordo de livre comércio como os negociados há anos pela UE com o Canadá e o Japão.
“Queremos o que outros países independentes têm”, resumiu Frost, defendendo um relacionamento “ponto a ponto”. As negociações entre Londres e Bruxelas devem começar a negociar no início de março.