Líderes do bloco comercial sul-americano realizarão uma cúpula virtual nesta quinta-feira, e se espera que debatam a pandemia de Covid-19 e acordos comerciais com Canadá, Cingapura e Coreia do Sul, além de começarem a estudar reajustes em suas tarifas externas comuns.
Mas o tópico mais premente será a conclusão do acordo de livre comércio com a UE, que exigiu duas décadas de negociação e foi acertado em princípio no ano passado. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, disse às suas contrapartes que a blindagem legal de um documento que delineia o acordo está quase concluída, graças à “cooperação e flexibilidade” para se superar as diferenças finais.
O chanceler disse esperar que os coordenadores do bloco sul-americano possam concluir os textos e anexos com os negociadores europeus após o verão no hemisfério norte, para que então o acordo esteja pronto para ser assinado. Na segunda-feira, falando em Paris a um grupo de cidadãos franceses que propunham maneiras de diminuir as emissões de gases de efeito estufa, Macron disse que concorda que a França não deveria assinar nenhum acordo com países que não cumprem o Acordo de Paris contra a mudança climática.
“Compartilho sua proposta, e é por isso que, quanto ao Mercosul, interrompi totalmente as negociações”, disse. No ano passado, Macron disse que não assinaria nenhum acordo comercial com o Brasil se o presidente Jair Bolsonaro retirar seu país do pacto de Paris, ameaçando uma reviravolta nas tratativas entre UE e Mercosul. Bolsonaro recuou, mas ambientalistas da Europa pressionaram pela rejeição do acordo comercial mesmo assim, citando a incapacidade do governo brasileiro de deter o desmatamento da Amazônia.
A eleição do presidente peronista Alberto Fernández na Argentina no ano passado também criou dúvidas sobre o acordo da UE com o Mercosul, o quarto maior bloco comercial do mundo. Fernández disse que quer renegociar partes do acordo proposto. Mas o chanceler argentino, Felipe Solá, disse na quarta-feira que seu país não obstruiria o avanço do acordo com a UE, embora este dê aos seus agricultores menos acesso aos mercados do que a Rodada Uruguaia de 1993.