Sadia Faizunnesa
“Bangabandhu” significa “amigo de Nação Bangala”. Mas Sheikh Mujibur Rahman (1920-1975) foi muito mais. Foi o maior “bangalee” de todos os tempos, um líder visionário, o arquiteto de um Bangladesh independente e a maior inspiração para a vida dos “bangalees”, por isso é celebrado como o “Pai da Nação de Bangladesh”.
Faltam palavras para descrever esse ser humano singular, defensor dos direitos humanos que sempre se opôs à opressão e nunca buscou popularidade ou grandeza. Era tão admirado que foi carinhosamente agraciado pelo povo com o título de “Bangabandhu”.
Bangabandhu queria uma solução pacífica para décadas de opressão dos governantes paquistaneses sobre o povo do Paquistão Oriental (atual Bangladesh). Passou quase um quarto de sua vida preso, lutando pela dignidade do povo. Em 1966, teve recusada pelas autoridades paquistanesas sua proposta para resolver as grandes disparidades entre o leste e o oeste do Paquistão. A vitória esmagadora de seu partido nas eleições gerais de 1970 também foi rejeitada pelo então governo do país.
Seu discurso épico em 7 de março de 1971, pelo fim da subjugação pelo Paquistão Ocidental, imortalizou-o como “poeta da política”, o qual foi posteriormente reconhecido pela Unesco como parte do patrimônio documental mundial. Na noite de 25 de março de 1971, forças paquistanesas atacaram inocentes civis “bangalees” do Paquistão Oriental em um dos genocídios mais terríveis (“Operation Searchlight”) da história mundial. Antes de sua prisão pelas forças paquistanesas, Bangabandhu finalmente declarou a independência de Bangladesh em 26 de março de 1971. Um Bangladesh independente emergiu, apesar de tanto horror e genocídio —3 milhões foram mortos e entre 200 a 400 mil mulheres foram violentadas pelas forças e colaboradores paquistaneses.
Bangabandhu foi brutalmente assassinado aos 55 anos, em 15 de agosto de 1975, pelas forças antilibertação, apenas três anos e meio após a independência do país, junto com 18 membros de sua família, incluindo seu filho de 10 anos. Esta terça-feira (15), nosso dia de luto nacional, nos desperta para os males do passado e transforma nossa dor de perdê-lo em nossa força.
heikh Mujib foi um expoente inequívoco do secularismo, defendeu a liberdade religiosa e se opôs ferozmente à exploração política da religião, elevando o secularismo a um princípio constitucional distintivo da nascente nacionalidade e democracia de Bangladesh.
Também foi um epítome de equidade e inclusão, lutando pela independência política e emancipação econômica e cultural dos oprimidos. Bangabandhu respeitava as mulheres e honrou corajosamente aquelas que sacrificaram sua dignidade na Guerra de Libertação com o título de “birangana” ou heroína de guerra. Sua liderança para estabelecer o “bangla” como língua oficial no Paquistão foi única na história da humanidade: uma língua materna tornou-se a alma de um movimento de independência.
A proclamação histórica de Bangabandhu, “Amizade para todos, malícia para ninguém”, também é o lema da política externa de Bangladesh, o testemunho de seu firme compromisso com a paz global. Se todos seguíssemos esse princípio como cidadãos do mundo, este seria um lugar melhor.
Se Bangabandhu não tivesse nascido, Bangladesh poderia não ter nascido. Ele nos foi tirado, mas deixou-nos a sua visão da “Bangala de Ouro”: um país feliz e próspero, sem fome e pobreza. Um Bangladesh ascendente, agora sob a liderança competente da primeira-ministra, Sheikh Hasina —filha de Bangabandhu e sobrevivente do assassinato de sua família, trabalhando para um “Smart Bangladesh” desenvolvido e baseado em conhecimento até 2041.
Estudiosos reconhecem a relevância atemporal de Bangabandhu não apenas como “amigo da Nação Bangala”, mas como “Bishwabandhu” ou “amigo do mundo”. Neste 15 de agosto, o espírito humanista de Bangabandhu nos lembra do longo caminho que percorremos e nos inspira para futuro mais brilhante.
Viva Bangladesh!
Viva Bangabandhu!
* Tradução: Roberta Sartori, professora doutora em linguística aplicada e tradutora
Artigo publicado na Folha de São Paulo