Yang Wanming
Poucos dias atrás, cerca de 3 mil representantes da Assembleia Popular Nacional e 2 mil membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês reuniram-se nas sessões anuais em Pequim, com o objetivo de traçar caminhos para o desenvolvimento nacional e fornecer importantes informações sobre a conjuntura e as tendências do crescimento chinês. Entre as palavras-chave, destaca-se o desenvolvimento de alta qualidade e aberto.
O desenvolvimento de alta qualidade significa que a China otimizará ainda mais sua estrutura econômica e promoverá a rápida formação de novos motores para esse crescimento. Em 2018, o PIB chinês cresceu 6,6% e superou os 90 trilhões de yuans. Diante da crescente pressão gerada pela desaceleração da economia global, a China estabeleceu a meta do crescimento de seu PIB entre 6% e 6,5% para 2019, empenhando-se em transformar um desenvolvimento de alta velocidade em um de alta qualidade.
Seguindo a tendência da nova revolução industrial, a China buscará o desenvolvimento movido pela inovação e a criação de propulsores; investirá em pesquisa e desenvolvimento, assim como na aplicação de iniciativas Intelligent Plus e de tecnologias de big data e inteligência artificial para facilitar a transformação e a modernização da manufatura; criará clusters de indústrias emergentes e expandirá a economia digital, melhorando, com isso, a qualidade e a eficiência do desenvolvimento econômico.
Por desenvolvimento aberto entende-se uma abertura de todos os setores a fim de propiciar a prosperidade comum. Em um contexto de retóricas de protecionismo e unilateralismo, a China empenha-se em promover a liberalização e a facilitação do comércio e de investimentos. A aprovação da Lei sobre o Investimento Estrangeiro visa proteger o investimento estrangeiro da melhor forma, expandir ainda mais as áreas de abertura, ampliar o acesso ao mercado e fortalecer a proteção de propriedade intelectual.
Pequim vai focar também na qualidade da implementação de sua iniciativa Obor para compartilhar os dividendos de seu desenvolvimento com os países participantes, levando mais benefícios concretos aos povos e defendendo uma economia mundial mais aberta. Estima-se que, nos próximos 15 anos, as importações chinesas de bens e serviços superarão, respectivamente, os US$ 30 trilhões e US$ 10 trilhões, trazendo mais oportunidades para o Brasil e outros países.
Dois países em desenvolvimento com grande influência mundial e duas economias emergentes, China e Brasil estão sempre unidos e apoiando-se no caminho do progresso comum. No ano passado, o comércio bilateral ultrapassou a casa dos US$ 100 bilhões, e a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 10 anos consecutivos. O investimento chinês também é o que mais cresce no Brasil, com estoque total de quase US$ 70 bilhões. A parceria dos dois países injetou força no respectivo desenvolvimento e trouxe beneficios aos dois povos.
No processo de desenvolvimento de alta qualidade, a China está disposta a trabalhar com o Brasil para criar “versão atualizada” da nossa parceria. Haverá, este ano, várias visitas de alto nível entre os dois lados. Na presidência do BRICS, o Brasil vai sediar a Cúpula do bloco, contando com a presença do líder chinês. Enquanto isso, o presidente Bolsonaro manifestou o desejo de visitar a China ainda este ano. Devemos aproveitar estas oportunidades para fortalecer a comunicação e a coordenação, definindo o novo rumo para a Parceria Estratégica Global Brasil-China. O país asiático gostaria de criar sinergia entre a iniciativa Obor e a estratégia de desenvolvimento do governo brasileiro, otimizar a pauta do comércio bilateral, expandir o investimento mútuo e promover conjuntamente novas conquistas para as duas economias.
As sessões do Congresso chinês deste ano destacam o compromisso de promover a abertura em todos os setores e demonstram a determinação de buscar um desenvolvimento de alta qualidade. O contínuo aprofundamento da reforma e da abertura da China certamente trará um crescimento econômico aprimorado, expandirá a integração de interesses com o mundo e abrirá amplas perspectivas para as relações sino-brasileiras.