SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-banqueiro Guillermo Lasso foi empossado presidente do Equador para um mandato de quatro anos em cerimônia celebrada nesta segunda-feira (24), no plenário da Assembleia Nacional, em Quito.
Membro do Opus Dei, Lasso, 65, realizou o juramento de posse diante de Guadalupe Llori, presidente do Legislativo do país, e na presença dos presidentes de Brasil, Jair Bolsonaro, República Dominicana, Luis Abinader, e Haiti, Jovenel Moise, e do rei da Espanha, Felipe 6º.
Os Estados Unidos, por sua vez, foram representados pela embaixadora do país na ONU, Linda Thomas-Greenfield. Ao chegar a Quito, no domingo (23), ela afirmou que eleições livres, como aquelas por meio das quais Lasso foi eleito, são um exemplo para a democracia na região.
A Secretaria de Comunicação do Equador havia anunciado anteriormente a presença dos líderes de Colômbia, Iván Duque, Chile, Sebastián Piñera, e Uruguai, Luis Lacalle Pou, mas eles não compareceram. Em mensagem gravada, Duque comemorou ter, “no Equador, com o presidente Guillermo Lasso, um novo aliado como chefe de Estado para continuar defendendo juntos a democracia na região”.
Eleito com o voto de 52,36% dos equatorianos no segundo turno, Lasso substitui Lenín Moreno, que chegou à Presidência impulsionado pela aliança que mantinha com o ex-líder do país Rafael Correa (2007-2017). Depois, no entanto, os aliados romperam a união, e eles se tornaram adversários políticos.
Na votação, o ex-banqueiro venceu uma espécie de revanche contra o socialista Correa, que governou o Equador de 2007 a 2017, ao derrotar seu apadrinhado, o economista Andrés Arauz, por 4,72 pontos porcentuais. Após uma década de instabilidade institucional (1997-2007), em que o Equador teve sete presidentes -três deles destituídos- e da era correísta, Lasso é o primeiro nome de direita a ser eleito.
Como prelúdio, no domingo foi realizado em Quito um fórum de direita organizado pela Fundação Internacional para a Liberdade, liderada pelo prêmio Nobel Mario Vargas Llosa, com participação de Lasso e de José María Aznar, ex-premiê da Espanha, e Andrés Pastrana, ex-presidente da Colômbia. O encontro também contou com a presença do opositor venezuelano Leopoldo López.
“Estamos caminhando juntos pela democracia e liberdade em todo o continente americano”, disse o político do país caribenho, condenado em 2015 em seu país a quase 14 anos de prisão depois de ser acusado de incitar violência em protestos contra o governo de Nicolás Maduro.
Na véspera da eleição presidencial de 11 de abril, Lasso expressou rejeição contundente ao “totalitarismo” e desejo de que a Venezuela volte ao caminho democrático. “Sempre lutaremos pela democracia na região. Promoveremos todos os esforços para que os países sejam governados por líderes democráticos, em um ambiente de liberdade. Nunca de totalitarismo”, disse ele em entrevista à AFP.
Para o seu mandato, Lasso promete um “governo do encontro” que procurará ultrapassar a polarização entre o correísmo e o anticorreísmo e uma luta feroz contra a corrupção. Também enfrentará um país em crise econômica, aprofundada pela Covid -até agora, o Equador registra 419.198 casos e 20.210 mortes.
Por isso, prometeu um ambicioso plano de vacinação nos primeiros cem dias no cargo, uma estratégia que visa reativar a atividade industrial e comercial prejudicada por medidas de quarentena durante grande parte do ano passado. No discurso de posse, Lasso também pregou que o Equador projete uma “promessa de equilíbrio na vida comum”. “Equilíbrio entre as causas de seu povo, equilíbrio entre crescimento econômico e justiça social. Duas pedras angulares que serão as bases de um país próspero e justo.”
Com forças políticas dispersas e sem maioria absoluta no Congresso, o Criando Oportunidades (CREO), movimento do novo presidente, teve que se aliar a setores de centro e de esquerda para conseguir uma frente na Assembleia Legislativa que excluísse o correísmo.
“Veremos se essa aliança realmente ajudará, porque vejo linhas vermelhas”, disse à AFP Wendy Reyes, professora da Universidade de Washington. Com o Fundo Monetário Internacional como principal credor do Equador em troca de reformas estruturais, os setores sociais se opõem aos aumentos de impostos e aos planos de privatização. Lasso antecipou parcerias público-privadas e concessões para obter recursos.