O anúncio foi feito durante conferência preparatória para o 8º Fórum Mundial das Águas apoiado por lideranças femininas e corpo diplomático
Súsan Faria
As águas do Lago Paranoá, que estavam poluídas no final dos anos 70 e exalavam mau cheiro, estão límpidas e vão ajudar a abastecer a capital. A informação foi dada pelo técnico da Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília (Caesb), Fernando Starling, durante palestra proferida no barco Happy Day, dia 28 de agosto. A apresentação, iniciativa do grupo H2-0, fez parte da programação de eventos preparatórios para o 8º Fórum Mundial das Águas que vai se realizar em Brasília, de 18 a 23 de março de 2018.
De acordo com Starling, 90% das águas do Paranoá estão livres para banho e. depois de vários estudos, certificou-se de que em algumas localidades essa água é própria para o consumo e vai ajudar a combater a crise hídrica sofrida no Distrito Federal. No máximo em dois meses, essa captação vai ocorrer, no início da barragem do lago, numa área extremamente limpa e segura, num nível de 700 litros por segundos. “Existe a necessidade de compatibilizar o uso dessa água com outros usuários do Lago, principalmente a CEB. Tudo foi plenamente acordado e previamente para que pudéssemos tirar certa quantidade dessa água”, explicou.
Segundo Starling, as águas do Lago chegaram à qualidade tão boa quanto às do rio Descoberto. Antes da decisão de captar água do Lago para consumo foram feitas pesquisas pela Caesb, inclusive com pesquisadores alemães.
Recuperação – O Lago Paranoá foi formado em uma região de cabeceiras, com quatro pequenos rios. Starling contou que foi um desafio construir o Lago e mantê-lo limpo porque ele sofre o despejo de esgotos desde sua criação. Com a falta de tratamento, houve proliferação de algas, falta de oxigênio e mau cheiro. Com o esforço e muito investimento, nos anos 90 começou o tratamento de esgoto nas estações da Caesb num nível bem sofisticado, cortando a fonte de poluição. “De 98 para cá, quase 20 anos, o Lago está despoluído, o que é hoje motivo de orgulho”, comentou. Contudo, explicou que com o crescimento da população, existem problemas como assoreamento em certas partes junto ao Lago.
O Lago Paranoá tem 40 km2 de extensão e profundidade média de 14 metros, algumas partes chegando a 38 metros. “Água significa a vida e para isso temos de conservá-la. Sem água não existe vida”, afirmou a embaixatriz do Gabão, Julie Pascale, presente à palestra e ao passeio no barco. Segundo ela, no Gabão também está fazendo economia de água, já que a questão da preservação da água é mundial e que reflete nas gerações do futuro.
A embaixatriz da Polônia, Katarzyna Braiter, disse que no seu país existem muitos rios, fontes de água subterrâneas e poços artesianos. “A ecologia na Europa é muito importante. Há consciência sobre o valor da água limpa”, disse.
Já a primeira-dama de Brasília, Márcia Rollemberg, recordou dos tempos em que ia pescar no Paranoá quando criança, junto com sua avó, e também da época em que nadava naquelas águas. Destacou que o atual governo fechou o lixão, está fazendo a inclusão dos catadores e a coleta seletiva de lixo.
Grupo H2-0 – é formado por Cosete Gebrim, presidente da Sociedade dos Amigos da Polônia; as Assessoras Ângela Martins, da Secretaria do Meio Ambiente do GDF e Karina Satake, da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa) e Raíssa Rosete, Subscretaria de Políticas para Mulheres do GDF. O grupo tem realizado várias atividades no DF como preparativos para o 8º Fórum Mundial das Águas. O próximo evento será uma visita à fazenda Cascão, a 40 km do centro de Brasília, e com palestra do Secretário do Meio Ambiente do DF, André Lima. Em dezembro, haverá uma visita às Águas Emendadas.
Durante o passeio no barco foi lançado a AMA – Associação das Mulheres que Amam Brasília, que terá como um dos focos a questão das águas. Vai também trabalhar com idosas carentes e suas filiadas poderão representar e falar sobre Brasília em outros países. A primeira dama de Brasília, Márcia Rolemberg, foi a primeira mulher a receber a carteirinha oficial da AMA, entidade idealizada por Cosete Gebrim.
Cosete comentou sobre o passeio no barco: “esse é um momento encantador, um dia histórico para as mulheres traçarem essa aliança cidadã, não me canso de exaltar a beleza do Lago Paranoá”. Também no passeio estava a ex-senadora e presidente do Fórum do Mercosul, Emília Fernandes, que em entrevista à Revista Embassy Brasília disse considerar estratégico e fundamental um movimento em torno da questão de preservar a água. “Quando as mulheres fazem o clamor, elas são mais ouvidas. Elas sabem olhar para as questões do planeta com atenção especial”, acredita.
Representantes da BPW – Business and Professional Women Internacional – e de outras entidades femininas participaram do passeio no barco totalizando cerca de 90 pessoas. Cada uma pagou R$ 30,00 pelo passeio, que além de palestras, teve narrativa sobre a Lenda do Paranoá e um pequeno lanche. O embaixador da Polônia Andrzed Braiter esteve presente.
Na oportunidade, a presidente da BPW em Brasília, Cristina Mello, falou sobre essa instituição internacional, que tem a missão de agregar Mulheres de Negócios e Profissionais. “Somos um celeiro de lideranças femininas. Estamos agindo para promover um legado para a sociedade de Brasília”, comentou. Disse ainda que a BPW e a Associação Soroptismista estão planejando executar o Projeto Plante Água, com o plantio de árvores no DF.