Presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, disse, no dia 07, que não vê vontade dos países integrantes do Mercosul em avançarem com um possível acordo de livre-comércio com a China. Pediu ainda para que o bloco abra caminho para o Uruguai avançar bilateralmente com o país asiático.
“Quero que nos digam a verdade. Penso que não há vontade do Mercosul de avançar num acordo de livre-comércio com a China. Na China, o que nos disseram foi: ‘O que precisamos é que os outros países do Mercosul não se oponham, só que não se oponham’”, disse. Lacalle Pou afirmou ainda saber que “serviços estrangeiros” de países do Mercosul conversaram com a China para alertá-los de que não seria bem-visto se avançassem bilateralmente com o Uruguai.
Para o uruguaio, aguardar que o bloco significará não avançar. O presidente disse que os países integrantes do Mercosul deveriam “aceitar” que o Uruguai “avance 1º”. “O Uruguai tem vocação de pertencer ao Mercosul. Tem vocação de fortalecer esse bloco. Mas não concorda que há contradição entre fortalecer o Mercosul e estar aberto ao comércio com o resto do mundo. Então está claro. Uruguai tem a intenção de fazer um acordo de livre-comércio com a China. Se vamos com o Mercosul, melhor. Se o Mercosul está agora com outra coisa, o que precisamos é que digam: não tem problema, que o Uruguai avance e depois vamos todos”, disse em discurso na Cúpula do bloco, realizada no Rio de Janeiro.
O Uruguai negocia um acordo bilateral com a China, mas os demais países do bloco –Brasil, Argentina e Paraguai– são contrários por entender que o movimento enfraquece o Mercosul e deixa o grupo em desvantagens em negociações comerciais com outros blocos econômicos. Além disso, a regra que obriga países do bloco a adotarem uma Tarifa Externa Comum sobre as importações também tem sido um empecilho para o acordo bilateral.
Brasil – Os uruguaios reclamam também de estarem em desvantagem na balança comercial do Mercosul -EU (União Europeia). Em discurso na Cúpula, Lacalle Pou disse, porém, reconhecer o “grande trabalho e o grande esforço” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo acordo. Criticou ainda a atitude do presidente da França, Emmanuel Macron, de dizer à imprensa ser contra o acordo: “Colocou tudo o que havia sido construído sob um ponto de interrogação”.
O uruguaio celebrou o acordo entre o bloco e Cingapura. Disse que a parceria por si só é boa e mostra que o Mercosul não está “estagnado”. exportou e importou mais que todos os outros países do bloco juntos em 2022, por exemplo.
Fonte: Poder 360