Na declaração lida na cerimónia em memória das vítimas do ataque dos Estados Unidos, o presidente da Câmara de Nagasaki Tomihisa Taue, apelou aos países participantes na próxima conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) “a mostrarem um caminho viável para o desarmamento nuclear efetivo.
Taue recordou que 2020 marca meio século desde a entrada em vigor deste tratado, mas que “nos últimos anos tem havido um aumento dos movimentos dos Estados dotados de armas nucleares para retrair a promessa de desarmamento nuclear, tal como demonstrado por iniciativas como a eliminação do Tratado sobre as Forças Nucleares de Interesse Intermédio, ou INF”.
O presidente da Câmara de Nagasaki, a segunda cidade e até agora a última cidade a ser atacada por armas nucleares, observou que, além disso, estão a ser feitos progressos no desenvolvimento de novas armas nucleares, mais sofisticadas, pequenas e fáceis de usar, tornando “cada vez mais real a ameaça da utilização de armas nucleares”.
Presente na cerimónia, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, reiterou o compromisso do Japão em alcançar um mundo sem armas atómicas, mas, como em Nagasaki, três dias antes, evitou referir-se ao pacto de proibição destes dispositivos, do qual não é signatário. O Japão é um dos países sob o guarda-chuva nuclear dos Estados Unidos.
Há precisamente 75 anos, os EUA lançavam a segunda bomba atómica no Japão, desta vez sobre Nagasaki. Com o nome de código “Fat Man”, a bomba causaria a morte a cerca de 70 mil pessoas, mais de cem mil feridos e a destruição da cidade e que levou à capitulação do Japão e ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Três dias antes, do dia 06 de agosto de 1945, em Hiroshima, às 08:15, hora local, era lançada a primeira bomba atómica em cenário de Guerra, pelo bombardeiro norte-americano Enola Gay. A bomba tinha o nome de código “Little Boy”, três metros de comprimento, 71 cm de largura e uma potência equivalente a 13 quilotoneladas de TNT, provocando a morte a 140.000 pessoas.
Este apelo em Nagasaki surge três dias depois do apelo em Hiroshima que assinalou na quinta-feira o 75.º aniversário do bombardeamento atómico da cidade japonesa, com o autarca da cidade a criticar o Governo Japonês por se recusar a assinar o tratado de proibição de armas nucleares.
O apelo foi feito pelo presidente da Câmara de Hiroshima, Kazumi Matsui, a cerca de 800 pessoas reunidas no Parque da Paz da cidade, entre as quais primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e sobreviventes do ataque nuclear.