“Soubemos, com profundo pesar, da decisão da Federação Russa de expulsar o adido naval adjunto da embaixada italiana em Moscou com um aviso de 24 horas”, disse hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Itália. “Consideramos a decisão infundada e injusta por ser uma retaliação a uma medida legítima das autoridades italianas em defesa de sua segurança”, acrescentou a diplomacia italiana, num breve comunicado.
A Rússia informou hoje o embaixador italiano em Moscou da sua decisão de declarar o adido naval adjunto ‘persona non grata’, “em resposta às ações hostis e injustificadas das autoridades italianas contra o adido militar na embaixada da Rússia em Roma”, dando-lhe 24 horas para deixar o país.
Em 31 de março, a Itália anunciou a expulsão de “dois oficiais envolvidos neste gravíssimo assunto”, referindo-se à detenção de um oficial russo e de um capitão de fragata da marinha italiana “surpreendidos em flagrante” em “uma troca de informações militares confidenciais”.
Embora fosse esperada uma resposta da Rússia com uma medida semelhante, para vários analistas foi surpreendente que Moscou tenha decidido expulsar apenas um oficial e que tenha demorado quase um mês para anunciar a medida. “É um ato hostil de extrema gravidade”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi di Maio, para explicar a decisão de declarar indesejáveis os dois funcionários expulsos.
O militar italiano, acusado de “crimes graves relacionados com a segurança do Estado”, estava de serviço no Estado-Maior da Defesa, comando que dirige todas as Forças Armadas e onde se guardam documentos das atividades militares italianas e da NATO. De acordo com investigações da Procuradoria de Roma, reveladas pelos meios de comunicação social locais, a documentação entregue pelo capitão da marinha ao oficial russo refere-se a sistemas militares de telecomunicações e o preço de troca foi de 5.000 euros.
A Rússia e o Ocidente aumentaram o número de expulsões cruzadas de diplomatas nas últimas semanas, no meio de uma escalada de tensões na Ucrânia e face ao caso do opositor preso Alexei Navalny. Moscou e Washington, em particular, expulsaram 10 diplomatas, cada, e os seus embaixadores voltaram a seus respetivos países “para consultas”.
A República Checa, por sua vez, expulsou 18 diplomatas russos denunciados como espiões, também acusando Moscou de estar por trás da explosão de um depósito de munições em 2014, que matou duas pessoas. Moscou retaliou pedindo a 20 diplomatas checos que deixassem o seu território, após o que os dois países reduziram a dimensão das embaixadas no outro país. Vários países europeus anunciaram expulsões diplomáticas, em solidariedade com a República Checa.