O caso ocorreu na cidade de Crescentino, situada na província de Vercelli, noroeste da Itália. Por meio de interceptações telefônicas e microcâmeras instaladas em escritórios municipais, os investigadores conseguiram documentar pagamentos em dinheiro para servidores públicos.
A Procuradoria estima que a quadrilha tenha movimentado mais de 600 mil euros. Quatro pessoas foram presas preventivamente e estão em regime de detenção domiciliar, enquanto outras 74 são investigadas por falsidade ideológica em atos públicos.
Segundo o jornal La Stampa, o que chamou a atenção dos investigadores foi o elevado número de brasileiros, cerca de 150, que buscavam reconhecer a cidadania italiana em Crescentino, município de pouco menos de 8 mil habitantes.
Os candidatos teriam pagado cerca de 4 mil euros por pessoa para obter o reconhecimento, em um pacote que incluía o aluguel de apartamentos para certificação da residência. Os processos de cidadania eram intermediados por uma agência de Verona, no nordeste da Itália.
Esquemas – Ao longo dos últimos anos, a polícia e o Ministério Público desmantelaram diversas quadrilhas que praticavam corrupção e fraudes nos processos de reconhecimento de cidadania italiana jus sanguinis, especialmente envolvendo brasileiros.
O problema mais frequente é a questão da residência. Para obter o reconhecimento, é preciso comprovar moradia na Itália, o que exige a permanência por um período relativamente incerto, mas que pode durar por volta de três meses.
Em alguns inquéritos, existe a suspeita de irregularidades no reconhecimento da residência, papel que cabe a um guarda municipal, o chamado “vigile”. Há também assessorias que vendem a ideia de que tal etapa pode ser concluída rapidamente ou sem a necessidade da presença permanente do candidato em solo italiano, o que vai de encontro ao que estabelece a lei.
No caso da operação deflagrada nesta quarta-feira, a investigação gira em torno da suposta corrupção de servidores municipais para garantir o reconhecimento da cidadania para brasileiros.