ROMA – A Itália aprovou, nesta segunda-feira, 21, por referendo, a redução do número de parlamentares, uma reforma histórica que reduzirá em um terço as cadeiras no Congresso. O “sim” venceu com entre 60% e 64% dos votos, enquanto o “não” obteve entre 36% e 40%, segundo pesquisa de boca de urna realizada pela emissora pública RAI.
O número de deputados e senadores passará de 945 para 600 na próxima legislatura, promessa eleitoral do Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema). A Itália tem o segundo maior parlamento da Europa, atrás do Reino Unido (cerca de 1.400) e à frente da França (925).
Esta é uma boa notícia para o governo liderado por Giuseppe Conte, que espera resistir nas eleições realizadas no domingo e nesta segunda-feira em sete regiões, incluindo Toscana e Apúlia.Os candidatos da extrema direita e da esquerda nessas duas regiões-chave tiveram bons resultados, de acordo com pesquisa de boca de urna realizada pelo canal de televisão Sky TG 24.
O candidato da esquerda para governar a Toscana, Eugenio Giani, recebeu entre 41 e 45% dos votos, contra 38-42% para Susanna Ceccardi, candidata da Liga de extrema direita, de Matteo Salvini, com margem de erro de 3,1%. A extrema direita italiana espera tomar a Toscana, reduto histórico da esquerda, cuja perda afetaria a credibilidade do governo.
Na Apúlia, Raffaele Fitto, eurodeputado do partido de direita Irmãos da Itália, que foi presidente da região quinze anos atrás, também aparece empatado com o atual presidente de esquerda Michele Emiliano, de acordo com pesquisas de boca de urna.Mais de 54% dos italianos participaram no domingo e nesta segunda nas primeiras eleições realizadas desde o início da pandemia de coronavírus.
A votação começou na manhã de domingo e terminou nesta segunda-feira às 15h (12h de Brasília) e foi realizada respeitando um rígido protocolo de segurança devido ao aumento de casos de coronavírus no país. Seis regiões – quatro controladas pela esquerda (Toscana, Campânia, Apúlia e Marche) e duas pela direita (Ligúria e Veneto) – elegeram seus presidentes.
O resultado eleitoral afetará a estabilidade do governo, que deve apresentar em Bruxelas seu plano nacional de reativação contra a pandemia. A Itália é governada por uma coalizão formada há um ano entre o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrata (PD, centro-esquerda). Os partidos de centro-direita e a extrema direita formaram uma frente comum com candidatos únicos para tentar conquistar regiões governadas pela esquerda.
Mudança de cenário
Um cenário catastrófico para o governo seria a direita ganhar três das quatro regiões atualmente controladas pela esquerda (Campânia parece fora de perigo). A direita já administra 13 regiões italianas e a esquerda, 6.
A Toscana é a mais cobiçada, tanto pelo presidente da Liga (extrema direita) Matteo Salvini quanto pelo ex-chefe do governo Matteo Renzi (PD), que há um ano tenta renascer politicamente com sua formação, Itália Viva.Susanna Ceccardi, eurodeputada da Liga, de 33 anos, foi escolhida para tentar dominar este reduto da esquerda.
Contra ela, o toscano Renzi impôs seu candidato Eugenio Giani (PD/Itália Viva), que também enfrenta uma candidatura isolada do M5S.Se o candidato de esquerda resistir na Toscana, região conhecida por seu bom funcionamento e até então pouco inclinada ao populismo, o governo alcançaria pelo menos dois objetivos: salvar a Toscana e reduzir o número de parlamentares.
As eleições regionais também vão servir para medir a popularidade dos líderes da extrema direita, rivais entre si. Na Apúlia e em Marche, a coalizão de direita optou por candidatos dos Irmãos da Itália (extrema direita). Francesco Acquaroli, criticado no ano passado por ter participado de um jantar em homenagem a Mussolini, disputa em Marche, região que nunca esteve nas mãos da direita.
A líder dos Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, cuja popularidade subiu nas pesquisas, teria uma vitória dupla se seus candidatos vencessem, já que eclipsaria seu rival Matteo Salvini. No Vêneto, a reeleição do atual presidente, Luca Zaia, membro histórico da Liga, é quase certa. A direita também deve manter a Ligúria, a única região onde o M5E e o PD conseguiram chegar a um acordo sobre um candidato. /AFP