Embaixador Hossein Gharibi fala da importância da data, da história do país do conflito Israel-Palestina e de parceria comercial. Por meio de um vídeo também faz um balanço de sua missão no Brasil que chega ao fim.
Em evento bastante prestigiado, o embaixador iraniano no Brasil, Hossein Gharibi, recebeu convidados, na quarta-feira (07), no Clube Naval, em Brasília, para comemorar o 45º Aniversário da Revolução Islâmica e o 120º aniversário das relações bilaterais Brasil-Irã. Em seu discurso, o diplomata disse que “a revolução introduziu alguns conceitos nobres no sistema político, acima de tudo, independência, autoconfiança, liberdade, democracia e república, juntamente com uma ênfase na defesa dos valores islâmicos.
Em 2023, Brasil-Irã completam 120 anos de amizade. De acordo com Hossein Gharibi, durante este tempo, os dois países sempre mantiveram relações amistosas e quase não houve um único caso de desentendimento grave que afetasse esses laços amigáveis.
O Irã, de acordo com o embaixador iraniano, sempre foi o principal parceiro comercial multibilionário do Brasil e os números triplicaram no período pós-pandemia. “O Brasil e o Irã têm economias que se complementam. De produtos agrícolas, que constituem a maior parte do nosso comércio bilateral, a energia e petroquímicos, de mineração ao setor de transportes, e de equipamentos médicos e produtos baseados em conhecimento a serviços, temos um enorme potencial para expandir nossa cooperação econômica”, relatou Hossein Gharibi.
O diplomata lembrou da última reunião de ambos os presidentes no ano passado, em Johanesburgo, na África do Sul, durante a qual os dois líderes enfatizaram o uso desses potenciais para o melhor dos interesses mútuos das duas grandes nações. De acordo com o embaixador, “agora que o BRICS foi ampliado para abranger novos membros, incluindo a República Islâmica do Irã, ele oferece uma plataforma viável para uma maior cooperação multilateral e bilateral”.
O Irã celebra anualmente, em 11 de fevereiro, o dia da Revolução Islâmica. Ocorrida em 1979, a revolução transformou o Irã, até então uma monarquia autocrática pró-Ocidente comandada pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, em uma república islâmica teocrática sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini. A revolução, segundo o embaixador Hossein Gharibi, introduziu alguns conceitos nobres no sistema político, acima de tudo, independência, autoconfiança, liberdade, democracia e república, juntamente com uma ênfase na defesa dos valores islâmicos.
“A autoconfiança em nossa população jovem e educada resultou em enormes melhorias em termos de ciência e tecnologia, o que fortalece nossa nação. Ser poderoso e ampliar a cooperação com outros estados soberanos regionais andam de mãos dadas. Continuamos a seguir a política de boa vizinhança, que tem sido um princípio notável da política externa do governo do Presidente Raisi”, discursou.
Visto
Hossein Gharibi lembrou que desde o dia 4 de fevereiro a exigência de visto de turista para cidadãos brasileiros foi dispensada, podendo, assim, viajar para o Irã sem necessidade de visto a cada seis meses por um período de 15 dias. “Os visitantes brasileiros podem desfrutar de uma experiência única para explorar a história e a civilização do Irã, bem como as glórias de seus elementos arquitetônicos, artísticos e culturais”, disse o embaixador.
Vídeo
Hossein Gharibi aproveitou o evento anunciara a conclusão do mandato de quatro anos dele como embaixador no Brasil. “Cada dia de minha carreira foi uma experiência única de trabalho com meus colegas interlocutores do país anfitrião. Para ilustrar o trabalho dele, foi apresentado um breve vídeo produzido servidores da embaixada com imagens da agenda de compromissos do atualmente diplomata relatando com autoridades nos níveis federal e estadual, membros do congresso, parceiros comerciais e associações, acadêmicos, pessoas das áreas de ciência e tecnologia, da área cultural e todos os outros indivíduos relevantes que foram muito sinceros, acolhedores e cooperativos. “De visitas a fazendas a exposições comerciais, de portos comerciais a grandes minas e de empresas farmacêuticas a parques tecnológicos, sempre encontrei um enorme potencial de cooperação em todo o Brasil”, relatou.
Conflito Israel-Palestina
Em relação ao conflito na Faixa de Gaza, o embaixador Hossein Gharibi afirmou que o país continua a seguir a política de boa vizinhança, que tem sido um princípio notável da política externa do governo do Presidente Raisi. “O diálogo e a cooperação regionais devem prevalecer mais para reforçar a paz e a segurança em nível regional e internacional.”
Segundo Gharibi, a cooperação e o engajamento regionais exigem um ambiente estável, e a questão palestina de longa data continua a colocar em risco essa exigência. Além disso, as violações do direito internacional e do direito humanitário, juntamente com as políticas de ocupação e apartheid, não levam a lugar algum e devem ser encerradas. “A menos que o direito do povo palestino à autodeterminação e à soberania não seja plenamente realizado, a paz duradoura em nossa região continuará fora de alcance” discursou.
O Secretário de África e de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Carlos Duarte, em seu discurso, disse que as relações Brasil-Irã abrangem um amplo quadro de acordos bilaterais, como comércio, finanças, saúde, cultura e educação, ciência e tecnologia, agricultura, questões consulares, cooperação civil e criminal, ambiente, turismo e desporto.
O diplomata brasileiro disse que “a longevidade e a diversidade dos nossos laços bilaterais demonstram o nosso compromisso contínuo com a busca de compreensão e cooperação. A dimensão econômica das nossas ligações proporciona uma base sólida para o desenvolvimento da parceria entre os nossos países”.
Carlos Duarte relatou, em sua fala, que governo brasileiro reconhece o significativo trabalho realizado pelo embaixador Gharibi durante sua gestão à frente da embaixada iraniana em Brasília. “Os valiosos esforços empreendidos pelo embaixador Gharibi muito contribuíram, nos últimos 4 anos, para o estreitamento dos laços entre o Brasil e o Irã, bem como para a difusão da cultura iraniana no Brasil e para a promoção dos produtos de seu país”, afirmou.