Centenas de indígenas protestam nesta quarta-feira (9) com o fechamento de uma estrada no oeste da Guatemala, em mais um dia de manifestações para exigir a renúncia do presidente Alejandro Giammattei, que enfrenta uma crise devido a alegações de falta de transparência em sua gestão.
O protesto foi convocado pela liderança do grupo 48 Cantones de Totonicapán, uma das principais organizações indígenas que desde o fim de novembro se uniu à rejeição contra Giammattei após a aprovação do orçamento nacional, revogada depois de queixas de que o projeto não respondia aos problemas sociais.
“Renuncie, Giammattei”, “Rejeitamos a corrupção”, “48 cantões contra os corruptos”, dizem algumas faixas colocadas pelos manifestantes nas cinco barreiras relatadas pela imprensa em diferentes áreas da cidade de Totonicapán. Até agora não foram registrados incidentes violentos.
O protesto também pede a renúncia dos deputados que aprovaram o polêmico orçamento e a destituição do ministro do Interior, Gendri Reyes, que foi apontado como responsável pelos abusos policiais em manifestações anteriores.
Giammattei, um médico de direita de 64 anos, vive uma das piores crises desde que assumiu o cargo em 14 de janeiro, depois que o Congresso, controlado pelo partido governista e seus aliados, aprovou o orçamento do próximo ano em meados de novembro sob acusações de corrupção e de ignorar as demandas sociais.
As reivindicações dos cidadãos eclodiram em 21 de novembro, com um protesto pacífico no centro da capital. Até que um grupo de encapuzados incendiou parte do Congresso, desencadeando confrontos entre manifestantes e policiais, nos quais a brutalidade das forças de segurança foi denunciada.
Dias mais tarde, os deputados suspenderam o orçamento, mas os protestos continuaram e, no sábado retrasado, um grupo pôs fogo em um ônibus em frente ao Palácio Nacional e atacou vários policiais do choque.
Em 20 de novembro, o vice-presidente Guillermo Castillo pediu a Giammattei que os dois renunciassem juntos “pelo bem do país”, acusando-o de não atender às demandas da população por transparência.Porém, na semana passada, em uma tentativa de acalmar as tensões, Giammattei e Castillo apareceram em uma coletiva de imprensa e pediram “diálogo e acordo”.
As comunidades indígenas também afirmam que não foram incluídas nas discussões convocadas pelo governo para resolver a crise, uma reclamação liderada por Rigoberta Menchú, ganhadora guatemalteca do Prêmio Nobel da Paz.A manifestação indígena exige também a redução do custo da energia elétrica e de alimentos básicos, demanda recorrente dos povos organizados no oeste do país.