O pacifismo em que a Índia alcançou sua soberania foi enaltecido pelo Embaixador Ashok Das, que também frisou a cooperação do país com o Brasil
Raquel Pires
A Embaixada da Índia sediou, em Brasília, na última quarta-feira (15), a festa pelo 72º aniversário de independência do país. A data marca o fim da colonização britânica e foi comemorada com muitas apresentações artísticas e comidas típicas. Entre os presentes estavam embaixadores de outras missões, membros do governo brasileiro, como o Ministro do Turismo Vinicius Lummertz, indianos, amigos e jornalistas.
O embaixador da Índia, juntamente com sua esposa Erika Das, recebeu seus convidados de braços abertos e ressaltou o progresso que o país vem alcançando há 72 anos. “A Índia alcançou sua independência através de meios pacíficos que inspiraram todos os setores da sociedade indiana. Precisamos hoje do mesmo tipo de espírito para alcançar os objetivos ambiciosos estabelecidos diante de nós em nossa estrutura democrática”.
O diplomata relembrou os sacrifícios daqueles que fizeram com que a independência fosse possível, como o líder Mahatma Gandhi. “Esse ano é especial, pois daqui algumas semanas estaremos celebrando o 150º aniversário de Gandhi, que não apenas liderou nossa luta pela liberdade, mas também foi e continua a ser a bússola moral da Índia. Entre muitas coisas, ele também liderou a luta pela higiene, pois para ele, a remoção da sujeira era um ato de autodisciplina e promoção da saúde física e mental”.
A parceria entre Brasil-Índia foi reafirmada pelo embaixador, que salientou a as similaridades entre os dois países e a parceria comercial. “Juntos, constituímos 21% da população mundial, 25% da produção mundial de leite, 24% de arroz e 38% de açúcar. Somos membros do BRICS, IBAS, G-20 e G-4, além de outras organizações internacionais”.
O turismo também foi citado como uma ponte entre as duas democracias pelo Ministro do Turismo Vinicius Lummertz. O representante do governo afirmou que as questões relacionadas a vistos digitais vem sendo agilizada pelo governo dos países e o desejo de que mais indianos visitem o Brasil é grande. “A incidência de indianos no Brasil não é grande e queremos que seja maior, pois 22 milhões de turistas que viajam pelo mundo são indianos e o Brasil ainda recebe poucos. Queremos não apenas o turismo de lazer, mas o turismo de negócios, pois isso é a ponte entre as culturas”.
Terminados os discursos, os convidados foram agraciados com apresentações típicas da cultura indiana. A atriz e instrutura de Yoga Devadassi Hermógenes fez uma apresentação de dança clássica indiana do estado de Orissa, chamada Mangalacharam Ganesh Vandana.
Os mantras indianos são famosos no mundo inteiro e seus benefícios incluem a redução da ansiedade e a busca pela clareza. Eles também foram entoados na festa pela poeta, atriz e professora assistente da Escola Vox Mundi da Voz, Raq Rosa dos Ventos. A música indiana também embalou os convidados e foi tocada pelo trio Samuel Lilla, Jay Krishna e Lucas de Castro.
História – No ano de 1885 a Índia começou a se mostrar interessada em conseguir sua independência dos britânicos, e intelectuais indianos começaram um movimento nacionalista na época. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra se viu enfraquecida financeiramente, demonstrando possuir uma grande dificuldade em manter suas colônias. Além disso, a Índia se via dividida por conflitos religiosos entre os hindus e muçulmanos, que haviam criado suas próprias organizações políticas pela independência.
O grupo hindu se destacou e possuía um líder chamado Mahatma Gandhi, um advogado que pregava a resistência à dominação e a luta contra os britânicos. Ele não era favorável a violência e acreditava que poderiam conseguir êxito através da desobediência civil, além da união entre hindus e mulçumanos. A atitude pacifista de Gandhi fez com que ele adquirisse admiradores em todo o mundo.
No fim, com o apogeu da Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra se mostrou sem condições de manter o domínio sobre a Índia, e em 15 de agosto de 1947 foi concedida a independência. Infelizmente, os conflitos religiosos persistiram após a independência, que levou um radical hindu a cometer o assassinato de Gandhi, em 1948.