| Oda Paula Fernandes

Fotos: Eliane Loin

Falta ao Brasil a coesão política que têm hoje Azerbaijão, Cazaquistão e Turquia. A opinião é do Senador Cristovam Buarque (PPS-DF) que abriu na segunda-feira (23) a Conferência Científica “Cultura, história e tradições turcas e latino-americanas – uma abordagem científica de abordagem continental e regional”. O evento realizado no auditório do Interlegis, no anexo do Senado Federal, foi promovido pelas embaixadas dos três países no Brasil, apoiadas pela Fundação Internacional de Cultura e Patrimônio Turco (ITCHF) e a Organização Internacional de Cultura Turca (Turksoy).  O senador, presidente do grupo parlamentar Brasil-Azerbaijão, mediou a conferência.

O objetivo do evento, segundo a organização, é o de promover e disseminar os valores e as tradições dos povos túrquicos (que vivem no norte e centro da Eurásia) no Brasil. Divido em dois momentos, sendo o primeiro de início no Interlegis com um painel, abordou de forma científica as culturas, as histórias e as tradições turca e latino-americana. Na abertura dos painéis, o senador Cristovam Buarque, chamou a atenção para o que ele pontua como principal diferença entre o Brasil e os países da Conferência, a Constituição Turca.

“Fascina-me ao ver uma comunidade transnacional, mas unificada do ponto de vista cultural. A história desses países tem um ponto que é uma lição para nós, Brasileiros, sobretudo neste momento da nossa história. Esses três países hoje tem uma característica que nós não estamos conseguindo fazer, hoje no Brasil, e quando digo nós, não me refiro só aos 200 milhões, mas especialmente nós, os políticos. Nós não estamos dando conta de dar ao Brasil uma coesão nacional e um rumo”, declarou o senador.

O embaixador do Azerbaijão, Elkhan Polukhov, disse que esta é uma oportunidade de ver os países além de suas fronteiras ao abordar a influência da arte rupestre túrquica na formação da arquitetura azerbaijanesa. “Esse é evento único, provavelmente por causa do formato organizado para mostrar o melhor do mundo turco, para o resto do mundo”, disse.

Cultura – Kairat Sarzhanov, embaixador do Cazaquistão ressaltou a importância de se realizar uma conferência para o debate das culturas turcas e latino-americanas. “Particularmente, a significativa contribuição de apresentar o Cazaquistão. Eu acredito que estamos construindo uma ponte invisível entre esses países com um diálogo intercultural, apesar da enorme distância geográfica”, afirmou sob o tema do Cazaquistão no mundo global: competitividade e manutenção da identidade cultural.

O embaixador da República da Turquia, Ali Kaya Savut, abordou as relações entre o Império Otomano e o Brasil. “É a primeira vez que é realizado um evento como este, com as embaixadas dos três países: Cazquistão, Azerbiajão e Turquia, no Brasil. Nós somos culturas primas. Gostaria de fazer três observações, sobre as mais recentes relações Turquia e Brasil. A primeira é de uma pesquisa Otomana, da Universidade de Ancara, que desenvolveu dois artigos sobre um relatório da família real portuguesa, em 1807.

 A segunda, segundo o diplomata, é a migração de povo otomano para o Brasil, onde residem descendentes em especial no Rio de Janeiro. E a terceira observação é do primeiro acordo, de mercado de navegação, datado em 1858, assinado em Londres pela representação entre os dois países. Apesar de a pesquisa revelar que a primeira relação diplomática ter sido ainda em 1850”, explicou Savut.

O movimento túrquico para o oeste: marcos históricos e evolução cultural foi debatido com o historiador e doutor em histórias moderna e medievais da Turquia, Shain Mustafayev. “Os descendentes dão atenção especial para a ciência, cultura e literatura”, destaca o historiador.

Assuntos como o papel da Fundação Internacional Túrquica e do Patrimônio no dialogo Cultural internacional ou intercontinental também foi apresentado como parte integrante dos painéis pela sua presidente, embaixadora Gunay Afandiyeva, a qual fez questão de registrar as belezas de Brasília. “Nós temos o dever de proteger o patrimônio cultural, o diálogo porque são importantes para a humanidade”, afirmou.   Firat Purtas, vice-secretário geral da Turksoy apontou a Diplomacia Cultural. “Esses três países são membros da nossa organização Turksoy”, informou.

Tereza Collor, bacharel em história pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) é uma viajante e colecionadora apaixonada pela cultura turca. No evento, ela exibiu peças de joias e adornos étnicos de vários países, peças tradicionais de países túrquicos.

“Há muitos anos viajo para esses países. Adquiri tudo nessas viagens e meu sonho é ter um museu para expor minha coleção. Tenho peça que não vi nem mesmo em museus desses países”, revelou a colecionadora.

Apresentação – Depois de encerrados os debates, os participantes da Conferência Científica puderam conhecer um pouco das melodias fascinantes de música turca que foram apresentadas pela performance do Grupo Música de TURKSOY, composto de conhecidos artistas do Cazaquistão, do Azerbaijão e da Turquia.

O destaque foi para a performance e para o belo visual da Solista da Orquestra Presidencial da República do Cazaquistão, Sra. Aigul Kossanova.

Exposição- A segunda parte do evento constou da abertura da Exposição fotográfica intitulada “Um Pedaço da Herança Turquíca no Brasil”, também parceria entre as embaixadas da Turquia, Cazaquistão e Azerbaijão e o senador Cristovam Buarque, com apoio da Fundação Turksoy e a Fundação Internacional de Cultura e Patrimônio Turco (ITCHF). A mostra está aberta ao público até o dia 9 de novembro, no Anexo I do Senado Federal, e retrata um pouco das culturas, histórias e tradições dos povos turcos.

As fotografias destacam a cultura, as tradições, a história e a arquitetura, além das paisagens naturais e a vida dos cidadãos dos três países. Além disso, evidencia a contribuição da milenar cultura túrquica para a humanidade, ao retratar povos que vivem no norte e no centro da Eurásia.

Os embaixadores dos três países, que participaram da abertura do evento, destacaram alguns aspectos da arquitetura e da arte que remetem ao Império Otomano. O senador fez questão ainda de enfatizar a satisfação em realizar esta exposição. “Quero agradecer, como senador, em especial ao Distrito Federal pelo fato de que vamos ter esta exposição e espero os alunos das nossas escolas”, convidou o parlamentar.

Na abertura, o vice-secretário geral da Turksoy, Fırat Purtas, , reforçou o convite à população brasiliense. “É com grande prazer que a Turksoy convida a todos para apreciarem esta bela exposição com paisagens e cenas da vida cultural da Turquia, do Cazaquistão e do Azerbaijão”, estimulou.