Alimentos brasileiros tiveram forte procura na feira de Dubai, que terminou nesta sexta-feira (21). Cenário mundial propicia procura por novos fornecedores, o que ajudou no desempenho. Câmara Árabe levou 12 associados.
Estandes com alto movimento, expositores bem-preparados para atender o mercado externo, o Brasil despontando como fornecedor de novos clientes internacionais. Esse foi o cenário descrito por quem acompanhou a participação brasileira na maior feira de alimentos e bebidas do Oriente Médio, a Gulfood, que terminou nesta sexta-feira (21), no Dubai World Trade Centre, em Dubai, no Emirados Árabes Unidos.
O Brasil teve cerca de 130 empresas presentes, entre as quais associados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira que expuseram em dois espaços organizados pela instituição. Mas a participação nacional se deu em várias frentes, também orquestrada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e outras instituições.
A Dassoler Agronegócios foi uma das empresas que expôs na Gulfood em espaço organizado pela Câmara Árabe. A empresa informou que teve uma participação extremamente produtiva. “Tivemos a oportunidade de estabelecer muitos contatos estratégicos e explorar potenciais negócios que podem fortalecer ainda mais nossa presença no mercado árabe. A feira nos proporcionou networking qualificado e abriu portas para novas oportunidades comerciais”, disse o diretor Rodrigo Espessoto.
A Dassoler é uma das três maiores exportadoras de pulses e sementes do Brasil, já com forte presença no mercado internacional. “O mercado árabe demonstrou grande interesse por pulses e sementes, especialmente pelo gergelim doce brasileiro, destacando a variedade Vitória. Somos um dos poucos fornecedores com certificação para essa semente, o que fortalece nosso diferencial e abre grandes oportunidades comerciais na região”, disse Espessoto para a reportagem da ANBA após a feira.
Depois de ter visitado a Gulfood nesta sexta-feira (21), o secretário-geral e vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Mohamad Mourad, disse que colheu várias manifestações de satisfação entre os expositores no espaço organizado pela instituição. “Disseram que foi melhor do que o ano passado”, relatou. O secretário-geral percebeu uma feira aquecida em geral e destaca o suporte que a equipe da Câmara Árabe deu para as empresas presentes em seus estandes.
O embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos, Sidney Leon Romeiro, interpretou a participação brasileira na edição deste ano como uma união muito produtiva e robusta dos setores privado e público do País. “Quando andamos pelos corredores na feira, que hoje é uma das maiores feiras do mundo, nos deparamos com a presença brasileira robusta, motivada, firme, encantando, trazendo expectativas para nossa produção no Brasil. Isso é motivo de orgulho para a gente”, disse o diplomata.
A Câmara Árabe participou da mostra com 12 das suas empresas associadas. “A feira Gulfood 2025 finalizou e foi um grande sucesso. Um enorme número de compradores visitou nosso espaço na Câmara Árabe e fizeram negócios com nossos expositores. Tivemos visitas de empresas de todas as partes do mundo, buscando produtos brasileiros de extrema importância para o mercado internacional”, descreveu a coordenadora de Eventos da Câmara Árabe, Verônica Sales, que acompanhou os expositores.
Novo momento mundial
O diretor do escritório da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, também descreve a Gulfood deste ano como muito positiva para o Brasil e acredita que o atual cenário mundial, de uma certa desglobalização, acabou trazendo novos clientes para perto das empresas brasileiras de alimentos. Ao mesmo tempo em que percebe os empresários do Golfo valorizando ainda mais parceiros comerciais como o Brasil, ele enxerga que novos importadores se aproximaram visando ter mais que uma alternativa de fornecimento.
Na análise de Solimeo, nesse contexto global um tanto quanto incerto, também os Emirados Árabes Unidos turbinam sua posição de hub, por causa da estabilidade demonstrada ao longo dos anos e por causa da facilidade de infraestrutura, acesso e voos, enquanto nem todos os países vivem a mesma realidade. “Atualmente há mais nacionalidades vindo procurar produtos aqui”, explica Solimeo, falando de Dubai.
Solimeo, que vive nos Emirados, percebeu uma participação brasileira ainda mais profissional e amadurecida na Gulfood 2025. Ele atribui isso ao fato de que muitas empresas expuseram já em outras edições, o que traz mais conhecimento do mercado, e à preparação que buscaram. A presença maior de produtos com certificação halal é uma prova disso, segundo o diretor. Solimeo acredita que esse movimento tem relação com o Halal do Brasil, projeto levado adiante pela Câmara Árabe e ApexBrasil que dá apoio para a obtenção dessa certificação e promove os alimentos halal do Brasil no exterior.
Gulfood 2026
A Gulfood terá algumas mudanças na edição de 2026, segundo anúncios feitos em evento de lançamento da próxima feira, acompanhado por Solimeo e Verônica. De acordo com Verônica, a mostra acontecerá em janeiro, entre os dias 26 e 30, ao invés de fevereiro, para não coincidir com o Ramadã, período sagrado e de jejum do islamismo, que em 2026 começa em fevereiro. Também haverá uma setorização maior da feira, com as empresas tendo que expor em espaços designados para cada produto, e uma expansão dos locais da mostra. Além do Dubai World Trade Center, haverá exposição na Dubai Expo City.
Fonte: ANBA