O opositor Irfaan Ali, candidato do Partido Progressista Popular (PPP), foi declarado vencedor das eleições gerais da Guiana neste domingo, 02, cinco meses após um dos pleitos mais controversos registrados na história da nação sul-americana rica em petróleo. Claudette Singh, presidente da Comissão Eleitoral da Guiana (GECOM), confirmou o triunfo de Ali, 154 dias após as eleições, após uma recontagem, uma batalha judicial e alegações de fraude.
O Governo brasileiro congratulou Mohamed Irfaan Ali por sua eleição à presidência da República Cooperativa da Guiana e a sociedade guianense pela conclusão do longo processo eleitoral iniciado em 02 de março de 2020. Segundo a nota do Itamaraty, o Brasil “está determinado a trabalhar com o novo governo da República Cooperativa da Guiana em prol do contínuo fortalecimento das relações bilaterais, da cooperação, da integração regional, da prosperidade, da democracia e das liberdades fundamentais”.
A proclamação final do resultado, de acordo com a nota, “ratifica a observância, pela Guiana, do compromisso permanente com a democracia que deve orientar as nações da região e do hemisfério”. No documento o Itamaraty “exorta todos os atores guianenses a viabilizarem uma transição de governo pacífica e expedita”.
O presidente que deixa o cargo, David Granger, 74 anos, disse que sua coalizão “respeita as consequências legais da ‘declaração'” da Comissão Eleitoral, mas anunciou que trará queixas de fraude eleitoral e outras irregularidades para a Suprema Corte. Granger, no entanto, pediu que seus seguidores agissem pacificamente. Ali pediu unidade nacional nesta ex-colônia britânica, onde o apoio partidário é dividido quase igualmente entre grupos étnicos. Descendentes de trabalhadores indianos apoiam o PPP, enquanto descendentes de escravos africanos apoiam a coalizão Granger. “Existe apenas um futuro e esse futuro exige uma Guiana unida, esse futuro exige uma Guiana forte”, disse Ali.
As eleições na Guiana, um país de 750.000 habitantes na fronteira com o Brasil, Venezuela e Suriname, despertaram mais interesse do que em outras ocasiões, já que o vencedor deve administrar o boom da indústria petrolífera local. Em dezembro, a empresa americana ExxonMobil iniciou a exploração comercial de um enorme campo de petróleo descoberto na costa do país em 2016, e a produção local deve aumentar de 52.000 barris de petróleo por dia para 750.000 em 2025.
Sob o sistema eleitoral de representação proporcional da Guiana, o PPP conquistou 33 dos 65 assentos na Assembleia Nacional com 233.336 votos, enquanto o bloco constituído pela Associação Governante para a Unidade Nacional e pela Aliança pela Mudança (ANPU-AFC) Obteve 31 cadeiras, com 217.920 votos. Três pequenos partidos, que contestaram as eleições separadamente, acumularam 5.214 votos em uma cadeira.
A declaração de Ali como vencedor termina cinco meses de tensão depois que observadores internacionais disseram que os resultados iniciais no círculo eleitoral mais densamente povoado da Guiana foram inflados a favor de Granger. Ali, 40, ocupou vários cargos públicos, incluindo o de Ministro da Habitação, Água e Turismo até 2015, quando o Partido Progressista Popular perdeu as eleições.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), bem como a Comunidade do Caribe (CARICOM), a União Europeia, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, o Canadá, a França e a Noruega solicitaram que os dados nacionais da contagem de votos fossem usados para declarar os resultados.