São Paulo – A França concederá um empréstimo de US$ 1,5 bilhão ao Sudão para pagar as dívidas do país junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo anúncio feito nesta segunda-feira (17) durante a Conferência Internacional de Apoio ao Sudão, que ocorre em Paris. Na foto acima, o presidente francês Emmanuel Macron (centro), o presidente do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan (esq.), e o primeiro-ministro sudanês, Abdalla Hamdok, (dir.) em entrevista coletiva durante a conferência.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou na ocasião que é preciso investir no futuro pacífico e sustentável do Sudão. “O apoio internacional continuado ao Sudão é fundamental, já que o país passa por uma transformação política e econômica histórica”, disse Guterres.
“Temos a responsabilidade de ajudar o Sudão a consolidar sua transição democrática, reconstruir sua economia e entregar paz e desenvolvimento sustentáveis para toda a sua diversa sociedade”, afirmou o secretário em uma mensagem de vídeo.
A conferência, organizada pelo presidente francês Emmanuel Macron, teve como objetivo encorajar os investidores privados a retornarem ao Sudão enquanto este continua a emergir de três décadas de isolamento e reconstruir sua economia. Representantes de países árabes, como Emirados e Egito, também participaram da conferência.
Transição política e alívio da dívida
A transição em curso do Sudão para a democracia começou após meses de protestos de rua que levaram à derrubada do ex-presidente Omar Al-Bashir em abril de 2019, que governou desde que assumiu o poder em um golpe militar em 1989. No final do ano passado, os Estados Unidos tiraram o Sudão de uma lista de países que apoiam o terrorismo, o que significou o fim das sanções para nações que fizessem negócios ou investissem no Sudão.
O país também está buscando apoio para liquidar sua dívida externa estimada de US$ 50 bilhões, que inclui cerca de US$ 5,6 bilhões devidos ao FMI, ao Banco Mundial e ao Banco Africano de Desenvolvimento.
A França anunciou o empréstimo de US$ 1,5 bilhão para que o Sudão possa pagar suas dívidas ao FMI, abrindo assim a porta para um alívio mais amplo sob a iniciativa dos Países Pobres Altamente Endividados do fundo (HIPC, na sigla em inglês). O Reino Unido e os Estados Unidos já haviam ajudado a liquidar atrasos com outros bancos de desenvolvimento.
Retorno
O secretário-geral disse que a conferência faz parte dos esforços em curso para trazer o Sudão de volta à comunidade internacional. Ele elogiou os países que ajudaram o Sudão a liquidar seus atrasos com as instituições financeiras internacionais, acrescentando que “um apoio generoso de doadores” será necessário para alcançar o alívio da dívida.
“O apoio contínuo dos amigos e parceiros do Sudão é fundamental”, disse Guterres. “Se a assistência financeira e os investimentos não estiverem disponíveis, a terrível situação econômica pode afetar severamente a transição do Sudão, com consequências negativas para a paz e a estabilidade no país, na região e além”, declarou.
Guterres enfatizou que o Sudão precisa de investimento e um compromisso sustentado para a reconstrução, inclusive do setor privado, enquanto recuperar a elegibilidade para financiamento de instituições financeiras internacionais é uma base importante para o renascimento econômico do país.
“O Sudão está passando por uma transformação política e econômica histórica. Apelo aos doadores e empresas para fazer um investimento ousado no futuro pacífico e sustentável do Sudão”, concluiu o secretário. As informações são de comunicado da ONU.