A embaixadora da França no Brasil Brigitte Collet promoveu, nesta terça-feira (08), Dia Internacional da Mulher, na sede diplomática francesa, uma mesa redonda Mulheres no esporte – em busca da igualdade, sem prorrogação, com o apoio da União Europeia. Segundo ela, a busca pela igualdade de gênero será uma das prioridades nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 quer ser o primeiro na história a ter 50% de participação feminina.
Brigitte Collet afirmou, em seu discurso, que a França estabeleceu como objetivo político para as próximas Olimpíadas a paridade entre atletas homens e mulheres. “Com relação à paridade de homens e mulheres, não é algo que [o país sede dos Jogos Olímpicos] pode decidir, mas é algo que podemos encorajar, fomentar. É o que está fazendo o Comitê Olímpico Nacional e Desportivo da França com o Comitê Olímpico Internacional”, explicou embaixadora.
De acordo com Brigitte Collet, a França também quer incluir jovens de áreas menos favorecidas e mostrar que o evento esportivo internacional pode ser realizado com menos impactos ao meio ambiente.
“A França quer que os Jogos Olímpicos sejam exemplo para o mundo, em todos os campos. Com relação à igualdade, quer que isso ocorra entre homens e mulheres na participação dos atletas, também os paralímpicos. Além disso, deve incluir jovens de zonas menos favorecidas da França. O país também quer que sejam jogos referência na proteção do meio ambiente, por exemplo, a França está construindo muito poucas instalações novas. Aproveitando aquilo que já existe, adaptando, acrescentando”, afirmou a embaixadora.
A França é pioneira nos Jogos Olímpicos. Foi em Paris, em 1900, que as mulheres participaram pela primeira vez de uma Olimpíada. Na ocasião, apenas seis atletas participaram do evento. Desde então, a presença feminina tem crescido. O percentual de mulheres foi de apenas 9% nos Jogos de Los Angeles de 1932, chegou a 45% nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, e atingiu seu maior índice, 48,8%, em Tóquio 2020.
Desafios – A vivência das mulheres no esporte é repleta de desafios, avanços e obstáculos. Para a esgrimista Amanda Simeão, participante dos Jogos Olímpicos de 2016, a maternidade é um dos assuntos mais delicados entre as atletas. Muitas adiam o sonho de ser mãe em razão da carreira esportiva.
“A gente, dentro do esporte, tem que planejar tudo. Cada ciclo [olímpico] que passa são quatro anos e a cada quatro anos, a gente envelhece. Nós, mulheres, temos um relógio biológico e acho que temos que ter um preparo. Dentro do esporte, o que me preocupa não apenas a questão da idade ou de poder estar em uma competição, mas também tem a questão financeira porque se hoje eu engravidar, não vou continuar sendo paga”, argumentou.
De acordo com Amanda, além dos desafios em conciliar treinos, competições e uma gestação, ainda há o risco de que a pontuação da atleta no ranking de sua categoria seja perdido. Há países que “congelam” o ranking por um período determinado após a gravidez. No Brasil, no entanto, é comum que as atletas percam essa pontuação.
“Por outro lado, vejo muitas atletas que, depois que foram mães, parece que ficam mais ferozes, mães leoas”, conta. “Não vejo que ser atleta e pensar em ser mãe seja algo negativo, mas acho que é necessário um resguardo de que você vai poder voltar e vai ter apoio”, acrescenta.
Amanda conta que começou no esporte aos 11 anos, quando morava na Itália. Para ela, a determinação e o planejamento são fundamentais na carreira esportiva. “O meu sonho era ser jogadora de futebol e não tinha time feminino. Eu treinava com meninos e tinha vários obstáculos, como tomar banho. Eu tinha que esperar os meninos usarem o banheiro para depois poder usar”, conta.
A mesa redonda teve a apresentação da jornalista Gabriela Moreira e as participações do secretário nacional de Esportes de Alto Rendimento, Bruno Souza, a esgrimista Amanda Bueno, a campeã paraolímpica de ciclismo Jady Martins, a ginasta e a secretária nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem Luísa Parente, além da diretora da Confederação Brasileira de Rugby Mariana Miné. Nos relatos, episódios de machismo, desistências, superação, ousadia e resiliência foram fatores unânimes e movimentaram a discussão sobre o assunto.
As convidadas contaram um pouco sobre suas histórias e a relação com o esporte, principalmente como mulheres. Durante as falas, Mariana Miné relatou que a Confederação de Rugby é uma das mais avançadas na questão de igualdade de gênero e que “é possível as mulheres terem uma posição de destaque e construir uma carreira de respeito dentro do esporte, que é um universo majoritariamente masculino”.
Depois disso, a discussão girou em torno da discrepância entre a quantidade de mulheres dentro das comissões técnicas e atletas em competições, além de maternidade e assédio emocional e sexual dentro do esporte.
Foi em Paris, em 1900, que as mulheres participaram pela primeira vez dos Jogos Olímpicos.Desde então, a presença feminina tem crescido. O percentual de mulheres foi de apenas 9%nos Jogos de Los Angeles de 1932, chegou a 45% nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em2016, e atingiu seu maior índice, 48,8%, em Tóquio 2020.
Mais de um século depois do início da participação feminina, as condições que permitem a homens e mulheres se dedicarem ao esporte de alto rendimento ainda não são igualitárias. A cada nova edição dos Jogos Olímpicos, alguns temas voltam à tona: remuneração desigual para esportistas profissionais, menor interesse dos patrocinadores, assédio no meio esportivo e até mesmo a diferença entre os uniformes das equipes femininas e masculinas.