A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira promoveu, no dia 04 de julho, a quarta edição do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, dedicado aos temas da relação bilateral entre o Brasil e os 22 países que formam a Liga dos Estados Árabes. O evento foi realizado no hotel Renaissance, em São Paulo, e contou com a presença, de forma virtual, do presidente Jair Bolsonaro. Painéis debateram temas como sustentabilidade, governança, responsabilidade e inovação.
Segundo Bolsonaro, o Itamaraty está negociando a vinda, ainda este ano, do príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, do emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, do rei do Bahrein, Hamad bin Isa al-Khalifa, e do presidente dos Emirados Árabes, Mohammed bin Zayed Al Nahyan. “Na minha gestão, o Brasil intensificou relações com o Mundo Árabe. Fui o primeiro presidente a visitar os países do Golfo no mesmo mandato”, disse. Na fala, Bolsonaro destacou outras aproximações com os países árabes como a criação da Embaixada do Brasil no Bahrein, a 18ª representação na Liga Árabe, que tem 22 países.
Para Bolsonaro, a Liga Árabe já é o terceiro maior mercado para os produtos brasileiros, atrás da China e dos Estados Unidos. A corrente de comércio com a região já somaria US$ 24 bilhões e deve seguir avançando. Entre janeiro e abril, as exportações do Brasil para a Liga somaram US$ 5,2 bilhões, frente aos US$ 4 bilhões alcançados no mesmo período do ano passado, segundo o presidente.
Bolsonaro também disse que os fundos árabes já investem US$ 20 bilhões no Brasil e que quer estimular a vinda de mais capital. “É nosso objetivo concluir com os países árabes acordos de facilitação de investimentos que evitem a dupla tributação”, disse em referência ao fato de o Brasil ter acordo desse tipo apenas com os Emirados Árabes na Liga.
Para o embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara Árabe, no evento em diferentes painéis foram tratados diferentes aspectos. “Não só como incrementar os comércios, mas como estabelecer uma parceria estratégica. Temas que devem ser discutidos, como sustentabilidade, governança, responsabilidade, novação. Nosso tema é legado, por causa dos 70 anos, e inovação, porque a câmara está se modernizando e se reinventando. O que nós desejamos é uma aproximação cada vez maior entre Brasil e mundo árabe”, afirmou Chohfi.
Durante o fórum, o chanceler Carlos França avaliou que o Brasil se tornou um dos mercados mais atrativos para investimento árabe no mundo. Na visão do ministro brasileiro de Relações Exteriores, o Brasil tem atraído somas crescentes de capital árabe principalmente nos segmentos de manufatura, turismo, alimentos e infraestrutura. “A despeito da pandemia e, mais recentemente, do conflito na Ucrânia, essas relações se tornaram mais intensas. Nosso comércio com os países árabes, que atingiu a cifra histórica de 24 bilhões de dólares, ainda tem muito potencial”, afirmou.
O ministro Carlos França também disse que o Brasil constituiu um papel de destaque no fornecimento de alimentos a países árabes populosos, carentes de solos aráveis e água, dependentes em grande medida de gêneros alimentícios importados. Carlos França também destacou a relevância dos árabes no fornecimento de fertilizantes ao agronegócio brasileiro. Nas estimativas da Câmara Árabe, os árabes fornecem 26% dos fertilizantes importados pelo Brasil.
O 4º Fórum Econômico Brasil & Países Árabes contou ainda com a presença do vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, que participou no painel de encerramento. “O Fórum realça o legado constituído ao longo das sete décadas pela Câmara Árabe. E renova o compromisso de nossos países com a construção de um futuro de diálogo, cooperação e prosperidade”, disse Mourão
Já o embaixador da Palestina no Brasil e decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse que os embaixadores confiam na parceria com a entidade e que “trabalharemos juntos para que nossas relações com o Brasil se tornem mais frutíferas”. Ele afirmou ainda que os países árabes querem mais produtos brasileiros e sul-americanos na região do Oriente Médio e Norte da África.
Falaram ainda o secretário-geral adjunto da Liga Árabe, Hossam Zaki, a diretora cultural da Câmara Árabe, Silvia Antibas e a diretora de Marketing e Conteúdo, Silvana Gome. Participaram ainda do fórum os ministros Paulo Guedes (Economia), Marcos Montes (Agricultura), Joaquim Álvaro Leite (Meio Ambiente) e Flávio Rocha (Secretário Especial de Assuntos Estratégicos), que participarão por vídeo chamada.
Assista à entrevista do embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara Árabe, no postcast da ANBA
https://anba.com.br/podcast-88-camara-arabe-chega-aos-70-anos/