BERLIM — Trinta anos depois de Helmut Kohl assinar a reunificação da Alemanha, a chanceler Angela Merkel, que tem uma foto do antecessor pendurada na parede do gabinete, testemunha um novo tipo de união: a de eleitores que rejeitam o populismo da extrema direita e se inclinam para o centro, onde, no espectro político, está a União Democrata Cristã (CDU), o partido da chanceler.
A quase dois meses de completar 15 anos à frente da maior economia da Europa, Merkel passou o último terço dos quatro mandatos enfrentando críticas por ter dado abrigo a mais de um milhão de refugiados no país em 2015, a maioria do Oriente Médio e África. Mas, segundo pesquisadores, o que parecia um pesadelo se transformou em benefício político.
Graças à integração de uma multidão de imigrantes ao mercado de trabalho alemão e à boa gestão da pandemia da Covid-19, Merkel, que parecia ofuscada pela oposição acirrada da ultradireita, agora surge com potencial de, no ano que vem, eleger um sucessor de seu partido.
Criado em 2013, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) angariou eleitores com o discurso anti-imigração e, dois anos depois, elegeu a terceira maior bancada do Parlamento. A popularidade de Merkel despencou. Agora, ocorre o movimento inverso. Segundo o instituto de pesquisas Infratest Dimap, de Berlim, as intenções de voto na AfD encolheram de 18% em setembro de 2018 para 10% neste mês, enquanto a CDU passou de 28% para 36%.