Ana Cristina Dib
A greve dos caminhoneiros, que durou mais de dez dias, interditou rodovias e bloqueou acesso aos principais portos do país, como o de Santos, teve reflexos diretos nas exportações de veículos no mês de maio. O resultado foi uma queda de 17% nos embarques de automóveis, na comparação com abril. Em relação a maio de 2017, foi observada queda de 17,3%. No acumulado, houve crescimento de 1,6%. A estimativa é que o país perdeu cerca de 15 mil embarques com a greve dos caminhoneiros.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, “muitos carros ficaram retidos nas fábricas, sem chegar aos portos. A gente acredita que pode recuperar os números de exportação, pois são contratos firmados. Mas sempre há uma preocupação”. Outro motivo de apreensão citado pelo presidente da Anfavea foi o problema cambial e o aumento de juros na Argentina, que responde por 76% dos embarques brasileiros.
A produção de veículos no país registrou queda de 20,2% em maio, na comparação com abril, conforme divulgado hoje (6) pela Anfavea. A greve dos caminhoneiros reduziu, segundo estimativas da entidade, em 70 mil a 80 mil unidades a produção do setor.
De acordo com a Anfavea, a expectativa é que a produção seja recuperada ao longo dos próximos dois meses. “Temos flexibilidade para trabalhar aos fins de semana, fazer hora extra”, disse o presidente da entidade, Antonio Carlos Botelho Megale. Segundo ele, as fábricas retomaram a produção de veículos na última segunda-feira (4), mas é possível que algumas peças ainda faltem durante este mês de junho em algumas montadoras.
A comercialização de veículos novos teve queda de 7,1% em maio na comparação com abril. Em relação a maio do ano anterior, houve alta de 3,2%. No acumulado desde janeiro, foi registrada alta de 17%, na comparação com o mesmo período de 2017. A Anfavea avalia que o impacto da greve dos caminhoneiros também foi forte sobre as vendas, com estimativa de perda de 25 mil unidades no período de paralisação, de aproximadamente uma semana.
Crise dos caminhoneiros
Megale acredita que as medidas tomadas pelo governo federal para controlar a greve dos caminhoneiros ocorreram num momento difícil. “Mas acredito que [o governo] está estudando novas fórmulas. Não faz sentido a Petrobras ter prejuízo, após a recuperação importante”, disse. Ele defende a previsibilidade nos preços do combustível, mas é contra o subsídio do diesel.
Apesar do reflexo negativo da greve, as previsões de resultados para o final do ano foram mantidas. Megale informou que uma revisão dos valores deve ser feita no próximo mês, quando as montadoras tiverem uma ideia melhor de suas perdas. A estimativa de aumento na produção é de 13,2%, na comercialização, de 11,7%, e quanto às exportações, espera-se alta de 5%.