O ex-presidente Rafael Correa, que está na Bélgica e enfrenta vários processos judiciais com mandados de prisão, anunciou que será candidato à vice-presidência do Equador nas eleições de fevereiro, por uma coalizão de esquerda. “Aceito com alegria esta nova responsabilidade, que não busquei nem mesmo desejei”, disse Correa após se apresentar como candidato pela frente União pela Esperança (UNES) em uma transmissão pelo Facebook.
Ainda não se sabe se o ex-presidente (2007-2017) poderá concretizar sua candidatura. Além dos processos judiciais – nenhum com julgamento final -, terá que aguardar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) habilitar sua candidatura ao segundo cargo político do país.Correa acompanharia o economista Andrés Arauz, de 35 anos, um de seus ex-ministros que concorre à presidência pela UNES, coalizão que reúne diversos partidos e organizações de esquerda, além de grupos indígenas e sindicatos.
O ex-presidente, que viajou à Bélgica assim que encerrou seu mandato em 2017 sem enfrentar nenhum processo até então, está na mira da justiça. O Supremo Tribunal confirmou há um mês a condenação de oito anos de prisão por suborno, além da perda de direitos políticos para o ex-presidente, em um processo que foi julgado à revelia e que está na última fase de cassação, portanto ainda não está decidido.
Correa, de 57 anos e eleito presidente em três ocasiões, também enfrenta um mandado de prisão para ser julgado pelo sequestro de um opositor equatoriano na Colômbia em 2012, crime pelo qual não pode ser processado à revelia.
O atual presidente Lenin Moreno, cujo governo termina em maio, promoveu reformas jurídicas para proibir a reeleição mais de uma vez, o que para os detratores de Correa até impossibilita sua candidatura a outros cargos.
O CNE destacou na semana passada que, embora os registros das candidaturas possam ser feitos pela Internet devido à pandemia de coronavírus, os candidatos devem comparecer perante o órgão para confirmar “de maneira expressa, indelegável e personalíssima” que aceitam a indicação. Se o CNE qualificar a candidatura, Correa – que é considerado um perseguido político de Moreno – terá imunidade e poderá retornar ao país para as eleições gerais.