A ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia Marie Yovanovitch afirmou que se sentiu ameaçada pelo presidente Donald Trump por ele dizer ao ucraniano Volodymyr Zelensky que ela “deverá encarar algumas coisas”. O telefonema entre os dois governantes se tornou o estopim para o pedido de impeachment contra o republicano.
As declarações de Yovanovitch à Câmara dos EUA divulgadas nesta segunda-feira (4) eram aguardadas porque Trump e Zelensky reclamaram da ex-embaixadora durante o telefonema por suposto envolvimento com governos anteriores da Ucrânia acusados de corrupção.
De acordo com a transcrição oficial do telefonema, Trump chamou Yovanovitch de “má notícia” que lidava com outras “más notícias” da Ucrânia. Zelensky, em seguida, disse concordar “100%” com a afirmação do norte-americano.
“A atitude dela comigo era longe de ser a melhor porque ela admirava o presidente anterior e estava ao lado dele. Ela não me aceitaria como o novo presidente”, disse o presidente da Ucrânia.
Em seguida, Trump disse a Zelensky: “Bem, ela [Yovanovitch] vai ter de encarar algumas coisas”.
Deputados questionaram a ex-embaixadora sobre como ela interpretava as declarações de Trump. “Eu não sei o que isso significa. Fiquei muito preocupada. Ainda estou”, respondeu Yovanovitch durante depoimento à Câmara.
Envolvimento de Giuliani
Em depoimento, Yovanovitch também afirmou que sabia do interesse do advogado de Trump, Rudolph Giuliani, em investigar o possível elo entre o ex-vice-presidente Joe Biden e a companhia de gás Burisma.
Trump retirou Yovanovitch do comando da embaixada norte-americana na Ucrânia em maio. À época, Giuliani e o presidente insistiam a autoridades ucranianas que investigassem envolvimento de Biden e do filho dele, Hunter, no escândalo de corrupção que atingiu a empresa de gás.
Biden apoia impeachment de Trump
Segundo a diplomata, Giuliani procurava algum fato que poderia causar danos à candidatura de Biden à Casa Branca – ele lidera atualmente as pesquisas de intenção de voto nas primárias do Partido Democrata.
Yovanovitch também disse que recebeu, em abril – portanto antes de ser retirada da embaixada –, um telefonema de uma outra funcionária da chancelaria norte-americana para que ela retornasse a Washington. “É por sua segurança”, disse a servidora.
“Você precisa voltar para casa imediatamente. Você precisa pegar o primeiro avião de volta.”