A pobreza é um dos maiores desafios para o desenvolvimento e governança global. Maior país em desenvolvimento do mundo, a China, com seus 1,4 bilhão de habitantes, há muito tempo enfrenta esse flagelo. Por quase 100 anos, o Partido Comunista da China (PCCh) tem liderado o povo chinês numa nova jornada em busca da prosperidade. Desde 2012, o Comitê Central do PCCh, com o secretário-geral Xi Jinping no centro, travou uma batalha decisiva contra a pobreza sem precedentes em escala e intensidade, e tem beneficiado o maior número de pessoas na história da humanidade. Ao retirar quase 100 milhões de chineses da pobreza, a China cumpriu a árdua missão de erradicar a miséria absoluta e alcançou, com 10 anos de antecedência, o primeiro objetivo da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Pelos padrões do Banco Mundial, a China responde por mais de 70% da redução da população em pobreza mundial.
No livro branco Alívio da Pobreza: Experiência e Contribuição da China, lançado em abril deste ano, a China compartilha seus conceitos e ações nessa trajetória. Trata-se de um resumo de práticas chinesas baseadas na realidade nacional, um documento que visa contribuir para os esforços internacionais para o combate à pobreza no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.
Em primeiro lugar, seguir uma filosofia centrada nas pessoas. O Partido Comunista da China sempre prioriza a missão de eliminar a miséria, melhorar o bem-estar social e trazer a prosperidade comum. Como a erradicação da pobreza é uma das prioridades do Estado, essa agenda está sempre presente em planos de desenvolvimento a médio e longo prazo, a fim de assegurar a coerência das políticas e a estabilidade dos apoios financeiros. Há planos de ação em todas as esferas de governo, além de um completo mecanismo de trabalho. Foi implementado um sistema rigoroso de avaliação e monitoramento dinâmico para certificar a confiabilidade dos resultados.
Segundo, adotar estratégias objetivas e adequadas. Diferentemente do assistencialismo tradicional, a China adotou uma abordagem através de promoção de desenvolvimento, com táticas mais precisas para impulsionar a melhoria das condições de desenvolvimento das áreas pobres e elevar o nível de escolaridade e de qualificação laboral da população carente. Tendo em vista as diferenças regionais e demográficas, foram tomadas medidas bem direcionadas: desenvolvimento industrial, realocação da população de áreas inóspitas, compensação ambiental, melhoria da educação, treinamento vocacional e seguridade social. Com isso, a assistência à população vulnerável deixou de ser uma “transfusão de sangue” para oferecer meios de “produção de sangue”.
Xinjiang, por exemplo, a maior região autônoma da China em extensão territorial e em percentagem de população de minorias étnicas, tinha também vários bolsões de pobreza. Na região onde há maiores produtores de uva e melão, o governo local promove tecnologias de conservação e beneficiamento para aumentar o valor agregado desses produtos. Também são oferecidos cursos de produção de joias, aproveitando-se do recurso mineral de jade. Já nas áreas produtoras de algodão são difundidas técnicas têxteis e o manejo de colheitas mecanizadas. Nos últimos 60 anos, um total de 3 milhões e 89 mil habitantes locais saíram da pobreza, o PIB per capita de Xinjiang aumentou quase 40 vezes e a expectativa de vida subiu de 30 para 72 anos.
Terceiro, converger esforços conjuntos. Para completar a meta de erradicar a pobreza, a China implementou um sistema abrangente, que conta com a participação do governo, da sociedade e do mercado. Por meio de incentivos tributários e outras políticas, promoveu o fluxo de talentos, capital e tecnologia de 342 localidades mais desenvolvidas do Leste para 570 destinos menos favorecidos no Oeste. Estimulou ainda empresas privadas, organizações sociais e indivíduos a contribuírem, conforme suas vantagens, para a redução da pobreza nos setores de indústria, ciência e tecnologia, educação, cultura, saúde e consumo. Ao mesmo tempo, valendo-se da tecnologia digital, foram incentivadas novas formas de negócios, como comércio eletrônico rural e ecoturismo, para motivar o empreendedorismo e a criatividade na população de baixa renda.
Quarto, promover a cooperação internacional. Em termos cumulativos, nos mais de 70 anos desde a fundação da República Popular, a China disponibilizou mais de US$ 60 bilhões para ajudar quase 170 países e organizações internacionais, implementou mais de 5 mil projetos de assistência externa de todos os tipos, apoiando os países em desenvolvimento na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O governo chinês criou o Fundo China-Nações Unidas para a Paz e o Desenvolvimento e o Fundo de Amparo à Cooperação Sul-Sul, impulsionando a concretização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. A iniciativa chinesa “Cinturão e Rota” também ajuda os países parceiros no combate à pobreza. Uma projeção do Banco Mundial prevê que parcerias no âmbito dessa iniciativa ajudarão a tirar 7,6 milhões de pessoas da pobreza extrema e 32 milhões da pobreza moderada.
Sob o impacto do alastramento da pandemia, a humanidade vê crescer seu déficit de governança e de desenvolvimento. A China está disposta a trabalhar com o Brasil e os demais países para fortalecer o intercâmbio e a cooperação na redução da pobreza, unir forças para enfrentar os desafios globais e construir uma comunidade de futuro compartilhado com vida digna e progresso comum.