Entre as principais medidas anunciadas pelo chefe de Estado durante um discurso de uma hora em Istambul incluiu-se uma isenção de imposto sobre o rendimento para 850.000 cabeleireiros, canalizadores e outros pequenos comerciantes e artesãos.
Erdogan elegeu o combate à inflação como “um dos principais objetivos” do seu Governo, com o objetivo de “baixá-la a um dígito”. O aumento dos preços, que se tornou uma das principais preocupações dos turcos, situou-se em fevereiro nos 15,61% ao ritmo anual, segundo os números oficiais.
Para tentar conter o aumento dos preços, Erdogan anunciou designadamente a formação de um “comité de estabilidade dos preços” e afirmou que para o setor de bens e serviços dependentes do Estado, o aumento dos preços será fixado não pela inflação real, mas pela inflação antecipada, que é menos elevada.
A Turquia vai ainda esforçar-se em reduzir a parte dos empréstimos em divisas estrangeiras que lesam numerosas empresas, e cuja dívida se agravou à medida que a libra turca foi perdendo o seu valor face ao dólar ou ao euro, acrescentou.
A Turquia, após ter registado uma década de forte crescimento, está confrontada desde 2016 com importantes dificuldades económicas, designadamente a inflação e a desvalorização da libra turca.Estas problemas contribuíram para a derrota de Erdogan nos municípios de Istambul e Ancara nas eleições locais de 2019 e inquietam o Presidente turco, a dois anos de crucial e duplo escrutínio legislativo e presidencial.
Numerosos economistas associam estas dificuldades a uma má gestão económica do executivo, baseada num crescimento alimentado por um consumo a crédito que implicou um forte endividamento dos agregados familiares. Perante os crescentes problemas, Erdogan substituiu em novembro o ministro das Finanças e o chefe do Banco central, uma medida saudada pelos economistas, e prometeu “receitas amargas” para inverter a situação.
Num sinal da decepção dos mercados, que hoje aguardavam mais medidas concretas para resolver os problemas estruturais da economia, a libra turca perdeu mais de 1,5% do seu valor face ao dólar. Em 2020 a economia registou um crescimento de 1,8%, segundo os números oficiais, apesar de os analistas referirem que foi parcialmente devido ao incremento do crédito.