Durante a comemoração dos 75º anos da data nacional do país, o embaixador Joseph Sayah enalteceu a relação bilateral com o Brasil e a constante busca pela paz
Raquel Pires
Fotos: Eliane Loin
O Clube Monte Líbano, em Brasília, foi palco na terça-feira (27), da festa da data nacional do país, celebrada no dia 22 de novembro. A data marca o fim do domínio francês sobre aquela nação. A comemoração contou com a presença do secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão, do ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, do ministro da Justiça, Torquato Jardim, do senador Fernado Collor, do presidente do Superior Tribunal Militar, José Ferreira Coelho, da diretora do Departamento do Oriente Médio, embaixadora Ligia Maria Scherer, diplomatas, jornalistas, libaneses e amigos.
O embaixador Joseph Sayah agradeceu a presença de todos e afirmou que ao longo dos anos o país se firmou como um exemplo de democracia e respeito os diversos grupos religiosos e étnicos do Líbano. “O Líbano traçou o seu caminho como uma sociedade avançada, moderna, hospitaleira, multicultural e religiosamente sincrética”. Sayah também destacou que mesmo enfrentando períodos marcados por turbulência política, o país continua enfrentando essas situações em busca de diálogo. “Apesar de ter enfrentado ao longo das últimas décadas os maiores desafios da sua existência, o Líbano segue constantemente confrontando as desventuras políticas do Oriente Médio”.
O diplomata ainda deixou um recado a todos os presentes, corroborando a premissa de paz e democracia, em busca do fim dos conflitos no Oriente Médio. “Acreditamos que a liberdade pertence aqueles que tem coragem de defendê-la. Continuamos firmes em resistir as tentativas de cair no abismo do conflito”. As cooperações entre Brasil e Líbano também foram ressaltadas pelo embaixador, o qual afirmou que as relações comerciais, culturais e tecnológicas de ambos os países seguem crescendo.
O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab também discursou no evento, ressaltando a comunidade libanesa no Brasil. “O brasileiro é acolhedor e nós acolhemos os libaneses aqui no Brasil, e vamos continuar cultivando o que aprendemos com os descendentes de libaneses que vieram para o Brasil”. O secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão também salientou a quantidade de descendentes de libaneses não só no evento, mas em todo o Brasil e a solidez nas relações entre os dois países. “Há registro de libaneses no Rio de Janeiro bem antes da independência do Brasil, e nosso consulado no Líbano foi inaugurado nos 23 anos da independência do país, permanecendo lá nos momentos mais difíceis”.
História – Após o colapso do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações determinou que as cinco províncias que compunham o Líbano fossem administradas pela França. Já no período da Segunda Guerra Mundial, em 1941, a invasão da Síria e do Líbano pelos Aliados resulta na eliminação das autoridades francesas do Regime de Vichy. Sob pressão dos britânicos, os representantes da França livre deram o aval à independência da Síria e do Líbano, mas ainda tentaram manter o controle francês na região.
Em agosto de 1943, o cristão maronita Bechara El-Khoury negocia com o muçulmano sunita Riad al Solh, entre outros, a divisão do poder entre as comunidades religiosas, ficando a presidência da república reservada aos maronitas; a presidência do conselho de ministros aos sunitas e a presidência da Câmara dos Deputados aos xiitas. Bechara El-Khoury, é eleito presidente da República em 21 de setembro de 1943, e logo se afirma como adversário do mandato francês.
Jean Helleu, nomeado representante no Levante pela França livre, opõe-se à modificação da constituição, e a Câmara de Beirute extingue o mandato francês em novembro. No dia 11 de novembro de 1943, Helleu manda prender Bechara El-Khoury e o chefe de governo Riad al Solh. Um governo “nacional” libanês logo se constitui na montanha, sustentado pelo presidente sírio Shukri al-Kuwatli e pelos britânicos. Manifestações violentas explodiram por todo o país e o general Georges Catroux é enviado com urgência a Beirute para restabelecer a ordem. Em 22 de novembro, os franceses libertam os dirigentes políticos libaneses e aceitam a independência do Líbano.