O país tem a primeira mulher presidindo um parlamento no mundo árabe e desenvolveu a primeira agência espacial na região. É modelo de progresso e estabilidade.
Súsan Faria
A arte na caligrafia. A pintura na areia. A pintura nas telas. A excelência na culinária. A música exótica e muito marcada. E um discurso emocionado. Tudo isso pôde ser apreciado na festa nacional dos Emirados Árabes Unidos, promovida pela embaixada no país, nessa terça-feira (05), no Hotel Royal Tulip, em Brasília. Há algo especial na cultura árabe, algo de tradição, de dedicação e opulência. E não poderia ser diferente na comemoração da independência daquela nação. “Somos uma nação próspera,confiante e progressista”, disse a embaixadora Hafsa Abdulla Al ulamas em discurso para cerca de 200 convidados.
A festa começou com o artista plástico Khalid Al Jallaf, vindo especialmente de Dubai, escrevendo em árabe o nome de cada convidado em uma lembrança de papel. Várias pinturas desse pesquisador em caligrafia árabe, arte islâmica e história, puderam ser apreciadas, como o quadro de Dubai, “a pérola do mundo”.
Embaixadores, representantes do Corpo Diplomático, políticos e demais convidados puderam ver – por meio de projeção em duas telas – a artista Shayma Al Mughairy desenhar exuberantes obras de arte na areia. O conjunto musical Sonata e a Banda Kervansarai – com música árabe apresentaram música clássica e árabe, respectivamente.
Prosperidade – Em tom de um conto típico árabe, a embaixadora Hafsa Al ulamas abriu o festejo: “era uma vez… uma unidade de sete estados formando um país, em uma vizinhança instável… um país começando a dar os primeiros passos sob a pressão do analfabetismo, baixas condições de saúde e infraestrutura precária… Há 46 anos nascia a nossa nação”. Segundo a diplomata, poucos acreditavam que aquela união pudesse continuar e ser próspera e “que esse país pudesse sobreviver, mas os Emirados Árabes Unidos prevaleceram e tornaram-se um modelo de progresso e estabilidade no Oriente Médio”.
“Hoje – prosseguiu Hafsa Al ulamas – Estamos entre os melhores do mundo e temos educação, saúde e infraestrutura. Com relação às mulheres, participamos de todos os aspectos da sociedade. Temos a primeira mulher a ser presidente em um parlamento no mundo árabe”. De acordo com a embaixadora, os Emirados Árabes Unidos desenvolveram a primeira agência espacial no mundo árabe:“Atualmente, engenheiros do nosso país trabalham para lançar nossa primeira sonda a Marte até o ano de 2020. Tudo isso foi possível devido à visão do pai de nossa nação, que plantou as sementes de esperanças há 46 anos e injetou a sabedoria em nossa sociedade”, afirmou.
Segundo a embaixadora, as relações bilaterais entre os Emirados Árabes Unidos e o Brasil foram fundadas nos princípios de cooperação e respeito mútuo. “Essa relação está se transformando em uma parceria estratégica entre os dois países. Almejo o estreitamento de nossa cooperação mútua e a construção de uma parceria de sucesso”, comentou. Um acordo sobre mútua isenção de vistos firmado entre Brasil e Emirados Árabes Unidos foi aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, com parecer do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP). A matéria passou esta semana pelo plenário do Senado Federal. Com o acordo, pessoas de ambos os países poderão entrar, sair e transitar pelo território do outro, sem visto, para fins de turismo e negócios, por até 90 dias a cada período de 12 meses.
Artistas -Khalid Al Jallaf – o pintor e o calígrafo expôs seus quadros durante a festa dos Emirados Árabes Unidos – é também editor executivo da Hroof Arabiya, a única revista trimestral sobre caligrafia árabe no mundo. Com sua arte, Khalid visa expressar o brilho da língua árabe, a religião islâmica e a rica cultura árabe. Teve influências dos principais calígrafos egípcios, como Yousuf Ahmad e Mohammad Abdul Qader Abdullah e o grande calígrafo turno Ameen Barn. Khalid está ligado também à pintura, fotografia e design de logotipos. Participou de exposições de caligrafia árabe em vários países do mundo, principalmente árabes e europeus.
A pintora de quadros na areia Shayma Al Mughairy é de Omã, mas cresceu no emirado de Umm Al Quwain. Estuda Arquitetura na Universidade de Sharjah. Usa as mãos levemente cerrados para criar imagens com o fluxo constante de areia.
Ela faz um quadro, apaga e recomeça outro, rapidamente, mas sempre muito expressivos e de figuras que podem ser desde uma praia com coqueiros a sultões e até um avião mostrando o caminho dos Emirados Árabes Unidos até o Brasil. Shayma começou a desenhar com areia aos 12 anos de idade e foi introduzida no mundo da fama depois de chegar às finais do programa de TV “Arabs Got Talent” em 2011. Foi a primeira a criar um anúncio de TV, videoclipe e tema de séries de TV usando a arte com areia.
Os convidados participaram do sorteio de duas passagens áreas do Brasil aos Emirados, cortesia da Airlines Emirates, com estadia de três noites hotel Sheraton Dubai, cortesia da Dubai Chamber. A sorteada foi Adelina Lopes. Entre as delícias culinárias árabes, na festa teve Falafel, sanduíches especiais, charutos, crepes e doces variados, com nozes, castanhas e outras iguarias. Produtos árabes – como perfumes, cremes e pacotes de viagem aos Emirados – foram divulgados em stands.
História – Localizado no Golfo Pérsico, os Emirados Árabes Unidos são uma confederação de sete emirados: Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm Al-Quwain, Ras Al-Khaimah e Fujairah. A capital é Abu Dhabi, centro de atividades políticas, industriais e culturais. Contudo, a maior cidade é Dubai. O islamismo é a religião oficial e o idioma árabe, a língua oficial. Os Emirados possuem a sexta maior reserva de petróleo do mundo, excelente economia e ofertas turísticas. Em Dubai localiza-se o maior prédio do mundo: Burj Dubai, arranha-céu com 828 metros de altura e 160 andares, inaugurado em janeiro de 2010.
Durante o século XIX e o início do século XX, a indústria de pérolas prosperou na região, proporcionando renda e emprego. A pesca de pérolas sofreu baixa com a Primeira Guerra Mundial, a depressão econômica no final da década de 1920 e início da década de 1930, e o cultivo de pérolas pelos japoneses. Contudo, em 1930, começou a era do petróleo, cuja renda possibilitou ao governador de Abu Dhabi, o Xeque ZayedbinSultan Al Nahyan, construir escolas, moradias, hospitais e rodovias. Em 1969, o Xeque Rashid binSaeed Al Maktoum, governante de Dubai também utilizou as reservas de petróleo para melhorar a qualidade de vida da população. Há 46 anos, os sete emirados se tornaram um só país.
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