Mayara Moraes, Agência Indusnet Fiesp
Desde a virada do século, os mercados da Eurásia vêm apresentando elevado crescimento de seus indicadores e consistente integração no comércio internacional que resultaram na multiplicação de renda e da produtividade do trabalho locais. O Fundo Monetário Internacional prevê que as atividades econômicas desses mercados se intensifiquem ainda mais nos próximos anos, proporcionando uma série de oportunidades de negócios na região para empresas brasileiras.
A fim de apresentar as principais possibilidades de investimento no Azerbaijão, em Belarus e no Cazaquistão, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo organizou o seminário Go Eurasian Markets, nesta quarta-feira (25/9), na sede da entidade. Embaixadores dos três países foram recebidos pelo diretor do departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Thomaz Zanotto, que abriu as apresentações.
“É nesta região do mundo e no Sudeste asiático que vão ocorrer os maiores crescimentos de PIB e PIB per capita durante os próximos dez anos”, observou Zanotto. “Cada um desses países tem vantagens específicas de caráter estratégico para os brasileiros, por isso é importante reconhecermos esse aumento do potencial dos investimentos na região e nos anteciparmos em relação aos acontecimentos”, acrescentou o diretor. Segundo ele, o desconhecimento do Brasil em relação ao sistema de comércio dessa região é substancial, e isso se deve, em grande parte, ao fato de parte das exportações da Eurásia entrar pelos Emirados Árabes e por países da Europa, como Holanda e Alemanha.
Azerbaijão, Belarus e Cazaquistão fazem parte de um verdadeiro hub logístico para mercados da Europa e da Ásia. De acordo com dados do governo brasileiro, o fluxo comercial entre o Brasil e os países da região alcançou quase US$ 1 bilhão, mas como grande parte das vendas para a região não são contabilizadas, estima-se que esse número seja muito maior. Embaixadores dos três países manifestaram o interesse em expandir os negócios com o Brasil. “Mais do que falar, estamos aqui para ouvir vocês e ver o que podemos fazer juntos”, disse o embaixador do Azerbaijão no Brasil, Elkhan Polukhov.
Embora tenha vasta expertise nos setores petroquímico e agrícola, o Azerbaijão tem economia diversificada e parceiros econômicos de peso como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Atualmente, o país busca tecnologia, sobretudo, para aplicar na plantação e no cultivo de produtos orgânicos, além de maquinário para utilização em sua indústria petrolífera. Em troca, o Azerbaijão oferece passagem e infraestrutura desenvolvida para o transporte dos produtos brasileiros, baixa carga tributária e ambiente de negócios favorável e desburocratizado.
“Há alguns anos, criamos um sistema eletrônico que unifica as funções de cinquenta ministérios e no qual você pode registrar empresas, pagar impostos e solicitar passaportes entre 20 e 30 minutos”, contou Elkhan Polukhov. “A ONU está promovendo nosso sistema como um dos melhores exemplos de comunicação entre governo, cidadãos e empresários”, ressaltou.
De acordo com um levantamento feito pelas autoridades do Azerbaijão, em 2018, o comércio com o Brasil totalizou mais de US$ 500 milhões. “Não temos nenhum tratado bilateral especial com a América Latina, então existe uma oportunidade aberta”, analisou o embaixador. “Precisamos continuar as conversas que começaram em 2016, com a criação de um grupo de trabalho em Brasília voltado para a discussão de oportunidades de investimentos nos dois países”, sugeriu o diplomata.
Localizado no centro geográfico da Europa, Belarus goza de um regime tributário favorável, zonas comerciais especiais para o desenvolvimento de empresas de TI e o maior parque industrial da Europa. O Brasil é uma das vinte nações com as quais o país possui um dos volumes comerciais mais significativos e o maior parceiro na América Latina. Em 2018, as trocas comerciais entre os dois países totalizaram US$ 711 milhões.
“O setor industrial é responsável por 33% da nossa economia”, ressaltou o embaixador do Belarus no Brasil, Aleksandr Tserkovsky. “Desenvolvemos as indústrias de energia, maquinaria e metalúrgica, química e petroquímica, processamento de madeira e produção de papel, mineração, alimentos, agricultura, construção”, informou o representante, antes de apresentar ao público presente uma extensa lista das principais representantes da indústria bielorussa.
Kairat Sarzhanov, embaixador do Cazaquistão, e Zhandos Temirgali, diretor de Análise Estratégica do Kazakh Invest, agência especializada em prestar assessoria a estrangeiros interessados em investir no país, lembrou que o Cazaquistão faz parte de organizações importantes, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e mantém relações estratégicas com Estados Unidos e União Europeia.
“Desde nossa independência, temos usufruído de grande crescimento, o que tem nos permitido firmar relacionamentos de longo prazo”, disse Temirgal. “Somos a maior economia da Ásia central e temos um PIB de US$ 160 bilhões, ou seja, maior do que todos os países vizinhos combinados”, exaltou o analista.
À pungência econômica do Cazaquistão, somam-se à sua força de trabalho qualificada, sua infraestrutura eficiente, dotada de uma malha ferroviária capaz de entregar cargas da China à Europa em até quinze dias, e incentivos, como carga tributária zero, em muitos casos.
Aqueles interessados em investir ou discutir detalhes sobre negócios no Azerbaijão, em Belarus, e no Cazaquistão, podem entrar em contato com suas respectivas embaixadas.