Ana Cristina Dib
Rio de Janeiro – Discutido há mais de 20 anos, as negociações para um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia estiveram em debate no Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex), promovido pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ronaldo Costa Filho, diretor do departamento de Negociações Extrarregionais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), ressaltou que o grande desafio para finalização do acordo está no alinhamento de interesses relativos ao comércio agrícola entre os blocos.
“Nunca vi um ambiente tão favorável para avanço como hoje. O trabalho está em ritmo e intensidade extenuante. É factível que seja concluído até o fim do ano. Mas o comércio agrícola, desde o inicio das negociações sabíamos que seria tema complicado. O grande desafio é conseguir até dezembro receber uma oferta agrícola concreta e fazer uma negociação de acesso de mercado lado a lado”, disse.
João Gomes Cravinho, embaixador da União Europeia no Brasil, confirmou que o setor agrícola tem sido objeto de discussão nas negociações. “Nossos sistemas políticos na Europa são democracias nas quais existem stakeholders muito variados. E alguns seguramente se sentem ameaçados com a competitividade da agroindústria do Mercosul. Vamos ter que trabalhar com compreensão para solucionar essa questão”, afirmou.
Ele também pontuou como uma questão sensível o aumento de políticas de protecionismo no mundo, que definiu como prejudiciais ao desenvolvimento econômico. “Concordo que o Brasil precisa de indústria e transferência tecnologia, mas o protecionismo não serve a esse propósito, e e vejo que é algo cada vez menos presente no país. O acordo que estamos desenvolvendo é muito mais propício a industrialização brasileira e sua inserção no mercado global do que políticas protecionistas”, defendeu.
Carlos Magariños. embaixador da Argentina no Brasil, reforçou a importância da conclusão do acordo para gerar benefícios comerciais para ambas as regiões. De acordo com ele, Brasil e argentina precisam de economia internacional robusta, que cresça rapidamente, para que possam se desenvolver. “Temos que pensar em que condições fazer o acordo com a União Europeia. Nos últimos 20 anos o mundo mudou completamente, e as cadeias de valor também. Para a Argentina, a integração internacional tem que proporcionar melhores condições de vida para nossa Nação”, concluiu.
Moderada por Mauro Laviola, vice-presidente da AEB, a discussão também contou com a presença de Carlos Abijaodi, diretor da Confederação Nacional da Indústria; e Thomaz Zanotto, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e da AEB.
(*) Com informações da AEB